quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

[Se...]Sinopse + 1º Capítulo

Fico devendo uma sinopse decente .... 

Sinopse: Depois que Willian Kang, um universitário de 20 anos, recebeu um telefonema surpresa de sua mãe, a vida dele mudou. A distração causada por este telefonema foi tão grande que faz com que ele esbarre em Helena, e assim um forte e incrível sentimento floresce. 

TODOS OS PERSONAGENS ME PERTENCEM, ISSO TUDO FOI INVENÇÃO DA MINHA CABEÇA!!! - Ass: Ana Letícia/ Hana Usagi

1º Capítulo – A pequena confusão
“Se um dia alguém lhe pedir para que se esqueça de algo que para você foi significativo, pense duas vezes antes de aceitar”.

           O vento frio golpeava seu rosto anunciado o quão gélida seria aquela manhã, mas ela já estava esperando por isso. Era o dia 10 de maio, uma quinta-feira comum na vida daquela singela menina.
            Helena Whesthy tinha 18 anos e cursava o 4º ano do Ensino Médio Técnico. Amava a vida assim como a vida a amava, entretanto, a seu ver, até aquele momento as atitudes que tivera em sua pequena e insignificante jornada lhe pareciam demasiadamente fordistas.
            Chegou à Universidade no horário de sempre, caminhando pensativa para a sala de aula. Era hora de enfrentar aquela maravilhosa prova de Português. Aos poucos, a sala de aula foi se tornando cheia, tomando forma aquela pequena sociedade que constituíam.
            As provas começaram a ser entregues, mas Nina, sua amiga inseparável, ainda não chegara. “Talvez esteja com o Pietro”, pensou, olhando para Luna, que parecia estar imaginando a mesma coisa. Nina, Helena, Luna, Julia, Beatriz e Emma formavam o famoso ‘sexteto da alegria’ da sala. Eram conhecidas assim por estarem, a maioria das vezes, de bem com a vida.
Depois de 10 minutos, Nina entrou ofegante e vermelha na sala de aula. Pelo jeito ela e o namorado haviam tido uma ‘longa e apaixonada’ conversa. Pedindo licença à Professora, Nina sentou-se timidamente ao seu lado. “Eu, hein, como foi que o Pietro aprendeu a deixa-la assim?”, pensaram todas ao mesmo instante.
            - Sem comentários. – sussurrou ainda vermelha – Se terminar antes me espere lá embaixo. – pediu, mergulhando em seguida naquelas folhas e mais folhas de questões de múltipla escolha sobre Pós-modernismo e Vanguarda Europeia.
            Na realidade, depois de todas as negações possíveis de um relacionamento, até que enfim aqueles dois pombinhos haviam decidido confirmar a todos o que já era de conhecimento geral, e isso era realmente um alívio. Nina e Pietro, certamente, foram feitos um para o outro.
            O tempo passou e Helena tratou de guardar seus materiais e entregar a prova, pela primeira vez terminara a prova antes de Nina.  Saiu da sala e decidiu a esperar na entrada do Bloco Q, nos banquinhos de madeira situados ao lado dos banheiros. Sentada ali se sentiu aquecida por um momento, tentando afastar seus pensamentos daquele que a protegia constantemente. “Saia da minha mente, 君のバカ(seu idiota)”, praguejava desesperadamente a procura de paz.
            Ouviu a voz de Nina, decidindo assim esperá-la em frente à escada. Descia naquele momento um belo rapaz que possuía uma aparência inesquecível e esplêndida, de tirar o fôlego de qualquer ‘caça homem’, mas que passou despercebido pelos olhos de Helena. O rapaz, que parecia conter sua atenção presa em uma órbita distante, tinha os cadarços desamarrados, nem percebendo que isso poderia causar um acidente. E foi o que aconteceu.
            Descuidado, o menino pisou no cadarço e desequilibrou-se, tombando, tentando assim se agarrar a primeira coisa que estava a sua frente, tratando de envolvê-la em um forte abraço. Helena, assustada, desequilibrou-se também fazendo com que seus lábios encostassem, em um singelo e inesperado beijo.
            Branca e vermelha como uma rosa tingida, Helena emudeceu-se prontamente. Nada se passava em sua cabeça, nenhum mísero pensamento ou ação a ser planejada, como se tudo tivesse se apagado. Seu coração batia violentamente contra seu peito. Suas mãos tremiam.
“Meu Deus, o que eu fiz?”, pensou o rapaz que a olhava suando frio, sem saber o que dizer ou falar, com seu coração a ponto de explodir no peito. Após encontrar as palavras, e a coragem que havia se escondido perto de suas tripas, resolveu tentar consertar a situação.
            - Você está bem? – perguntou ele por fim.
            Nina observava atordoada a cena que se desenrolava em câmera lenta.  Percebia pela expressão da amiga que se ela não se reprimisse o rapaz ali deixaria de ser considerado um homem.
Respirando fundo, ainda envolvida naqueles quentes e macios braços, Helena levantou seus olhos e encontrou aquele mar castanho escuro a observa-la calmamente, fazendo com que por um momento vacilasse. Entretanto não se deixou tomar por aquelas emoções, decidindo colocar um fim naquela situação que a principio não deveria ter acontecido.
Olhou novamente para aqueles olhos castanhos que pareciam a todo custo lhe dizer algo a mais e reparou no moço que estava a sua frente. Ele era muito bonito, aliás, talvez fosse o menino mais bonito que ela já vira. Seus cabelos eram pretos e curtos, com a parte da frente levemente espetada. Sua boca estava rosada e sua pele parecia ser bem branca, mais também estava levemente rosada, como se estivesse entregando a vergonha que sentia.
            - Vamos esquecer o que houve aqui. - sussurrou por fim – Eu não conheço você e você não me conhece. Ok?- proferiu determinada, desgrudando os braços dele de seu corpo, fazendo com que sem querer suas mãos se tocassem, provocando assim uma sensação inexplicável.           
            O mancebo tentou argumentar, mas como uma pessoa desesperada e sem rumo ela pegou sua bolsa que estava em cima do banco e correu para fora, aparentando estar abalada. Será que aquilo era uma brincadeirinha sem graça que tentaram pregar nela? Será que Deus a estava castigando por seus pecados?
            Percebendo a perturbação da amiga e irmã, Nina preparou-se para segui-la e curar seu pranto, contudo foi pega de surpresa pelo rapaz que a segurou pelo braço, olhando fixamente em seus olhos. Ele já havia visto as duas juntas e sabia que ambas eram ‘irmãs’, por isso decidiu especular. Na realidade seu cérebro latejava de tanto tentar compreender pelas leis da física o que ocorrera, fazendo com que tudo ali parecesse com um interminável sonho.
            - Ela está bem? – perguntou.
            - Ela aparenta estar bem? – retrucou Nina, parecendo ser uma pessoa que acabara de sair do ferreiro.
            - Não. – sussurrou tristemente, se culpando – O que posso fazer para que ela fique bem?
            - Apenas faça o que ela disse. – proferiu sutilmente, saindo para socorrer a desmiolada, deixando para trás um rapaz mentalmente culpado e transtornado.
            “Se neste caminho te encontrar novamente, não se esqueça de me avisar que já estou em seu coração.”

            - Will você não vai voltar para a sala de aula? – perguntou Kingone, ao vê-lo sentado no banco ao lado do banheiro.
            Depois do ocorrido, Will Kang, que cursava o 3º ano de Engenharia Química, havia perdido totalmente a linha de seu pensamento, esquecendo-se até do que iria fazer.
            Sentado ali naquele banco a única coisa que vinha a sua mente era a moça de olhos claros. Aqueles olhos azuis límpidos pareciam que ainda estavam olhando para ele, assim como aqueles braços quentes, que antes o seguraram por puro impulso, pareciam que ainda estavam o envolvendo. Tudo isso somado com aquele cabelo comprido cor de mel cheio de ondulações e aquela pele levemente morena estavam deixando o seu ‘EU’ interior confuso.
            - Acabou entupindo o vaso ou a situação aí no teu estômago está drástica? – perguntou, preocupando-se com o silêncio do amigo.
            “Como pude ser tão descuidado”, pensava, “Mas também, quem é que vai adivinhar o estrago que um cadarço desamarrado pode fazer! Será que ela vai ficar bem?”, perguntava-se enquanto tocava lentamente seus lábios, lembrando-se daquele momento.
            - O que está acontecendo comigo? Foi apenas um beijo acidental. Apenas um beijo acidental. – repetiu, para tentar esquecer.
            - Mas ainda assim foi um beijo. – sussurrou Kingone em seu ouvido.
            A alma de Will elevou-se aos céus e retornou cheia de ódio e rancor. Kingone, seu amigo, sempre fazia algo que deixava seu lado serial killer atiçado, o que ocorria frequentemente.
            - O que foi Kin? – perguntou irritadiço.
            - Tá na TPM? Se estiver eu vou embora, mas sabe como é eu queria saber se você está bem, ou se teve um desarranjo intestinal já que não retornou para a sala.
            A sala. Havia esquecido completamente que apenas descera ali, pois necessitava tomar água e ir ao banheiro. Olhou para o relógio, já havia se passado 15 minutos desde que estava sentado ali, se remoendo.
            - Eu estou bem, apenas acabei pensando em coisas que não deveria.
            - Por exemplo: Beijo?
            Will virou-se para Kingone e fez uma cara de meme, mas inesperadamente o seu rosto branco tornou-se vermelho ao relembrar a cena, fazendo com que instintivamente levasse seus dedos aos lábios. Por que estava com vergonha de algo assim? Não era bonito o suficiente, considerado um playboyzinho, a ponto de conseguir tudo o que queria principalmente meninas e beijos? Então por quê? Porque se sentia assim?
            - Voltou para a sua órbita? – interrompeu Kingone.- É impressão minha ou aconteceu algo com você?
            - Não aconteceu nada. – disse recompondo-se – Vamos para a sala. A professora deve estar soltando ventas por nossa causa.
            Acompanhando o amigo de volta a sala de aula Kingone deixou-se analisar todas as ações de Will. “Aí tem coisa. Tem fubá neste angu e eu Kingone vou descobrir qual é[1]!”, pensou, trancando os ouvidos para não ouvir a bronca que Will levava da professora.
            “Meu coração por você é um espaço vazio”.

            - Helena, tudo bem? – perguntou Nina, vendo a irritabilidade da amiga.
            Estavam paradas na frente do CAFIS (Centro de Atividade Física) da Universidade. Mesmo sendo outono, uma das épocas mais frias da região, o professor de Educação Física da turma de Helena havia comido pinhão com larvas, decidindo que naquele bimestre seria realizada a prática de natação.
            - Estou sim Nina. – respondeu ‘amavelmente’.
            Nina, não gostando do tom de voz da amiga, chegou mais perto da mesma e pegou em seus ombros, olhando fixamente naqueles olhos azuis. Naquela alma refletida as emoções se confrontavam em uma constante guerra. Sim, aquela situação havia afetado o coração da pequena flor.
            - Lena, eu vi o que aconteceu. Não adianta você tentar esconder, por que eu consigo ver em seus olhos o quanto isso lhe deixou perturbada.
            Os olhos da pequena se encheram de lágrimas, que foram fortemente reprimidas. Aquele rapaz tinha sido muito cruel com ela. Ele havia roubado algo precioso. Isso era o que mais lhe doía. Como poderia fingir que não o conhecia e que nada aconteceu?
            - Unnie! O que eu faço? – explodiu Helena – Como pude dizer para fingirmos se nem eu conseguirei fazer tal coisa? Isso é impossível pra mim!
            Nina olhou serenamente para Helena. Quando ela passou por apuros por causa de seus sentimentos por Pietro, os quais ela tentava negar e afogar em um tanque de piche, a amiga sempre estava lá para lhe dizer como proceder. Contudo naquele momento Nina não sabia o que dizer para a amiga, pois nem em sonho imaginaria que algo parecido com aquilo poderia acontecer.
            - Helena- sussurrou abraçando a amiga – Você não pode se dar por vencida. Seja forte. Tenho certeza de que você conseguirá fingir que nada aconteceu. Eu acredito em você.
            “Nina, obrigado, porém estas palavras não me farão ficar bem”, pensou Helena, entrando na área da piscina para uma gélida aula de natação.
            Mergulhando na piscina Helena constatou que a água não estava nem fria nem quente, assim como o seu coração. Fechou os olhos e mergulhou. Trataria de tentar relaxar e esquecer aquela loucura.
            “E estamos aqui novamente, parados onde tudo começou. Será que você poderia me dar mais uma chance?”.

            O restante das aulas transcorreu rapidamente para um menino irresoluto. Ele não conseguia admitir o seu descuido e por isso se culpava ainda mais pela ocasião.
            “Se eu tivesse sido mais cuidadoso. Se eu tivesse prestado mais atenção. Se eu não fosse um babo (idiota – ) que nem consegue pronunciar desculpas”, pensava sofrido enquanto rabiscava o caderno.
            - Hey! O que você está desenhando? – perguntou Kingone, que sentava ao lado dele.
            Parando com seus questionamentos internos Will voltou sua atenção para aquele conjunto de traços a sua frente, se assustando. Aquelas bagunçadas linhas acabaram formando aquela cena que rondava seus pensamentos.
            - Está apaixonado Willian? – perguntou o professor que havia parado atrás dele para ‘admirar’ sua obra prima.
            - Não, professor, estou apenas rabiscando. – pronunciou convencido de que era realmente aquilo que ele estava fazendo.
            - Então por que você não ‘rabisca’ o que eu acabei de passar no quadro ao invés de ficar desenhando um casal se beijando na escada?
            - Desculpe-me professor. Farei o que você pede. – respondeu calmamente, virando a página, começando a redigir aquela matéria confusa.
            Estaria ele ficando louco? Não, não podia ser isso. “Pare de ver angu onde não tem farinha! Talvez eu esteja assim por causa do momento. Pare já de pensar nisso, amanhã você estará melhor”, discutia mentalmente, se entregando para aquela maravilhosa aula de CDI.
            “Nesse frio, apenas estar com você me aquece”.






[1] Expressão que minha mãe sempre usa: ‘ Tem farofa neste angu’. O que é verdade, pois para se fazer angu necessita-se de farofa.  Ali Kingone apenas faz uma brincadeira dizendo que vai descobrir com qual fubá aquele tipo de ‘angu’ foi feito.

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