quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

[Se...] 6º Capítulo


6º Capítulo – Brigas e a tal da psicologia reversa
“Por um momento pensei que pudesse estar novamente ao seu lado.”

            - Com licença. – disse entrando no quarto. – Ué, cadê o Rafa? – sussurrou ao perceber que não havia ninguém na cama do quarto. Foi quando notou Helena sentada no sofá. Estava com seu moletom servindo de manta enquanto descansava.
            Willian ficou receoso em acordá-la já que ela parecia como um pequeno anjo enquanto dormia. Por isso Will apenas sentou-se no braço do sofá e, não conseguindo se aguentar, começou a acariciar os cabelos da menina. De repente ela abriu os olhos e o olhou assustada.
            - Will? –sussurrou cansada – Desde quando você está aqui?
            - Alguns minutos só. E o Rafa? – perguntou se levantando.
            - Foi fazer alguns exames. Daqui a pouco ele volta. Se quiser esperar...
            - Eu não voltei aqui para falar com ele. – interrompeu-a.
            Após ouvir aquilo de Will, Helena estremeceu e se cobriu mais com o moletom que estava ali, embriagando-se ainda mais com aquele cheiro peculiar de canela. Ela permitiu-se cheirar novamente o moletom. Aquilo fez com que se lembrasse daquele dia na escada, em que se esbarraram. Aquele cheiro era dele e, ao constatar isso, só pode corar.
            Will olhava aquilo curioso. De alguma forma ver Helena cheirando seu moletom lhe pareceu engraçado.
            - É seu não é? – perguntou.
            - O que?
            - O moletom. – disse estendendo-o para Will.
           - Se estiver com frio pode usar, depois você me devolve. Contudo, vou precisar disso aqui. – falou, fazendo com que Helena vestisse o moletom. Assim que terminou de vestir Will pegou o celular do bolso do moletom e a abraçou fortemente, deixando que o perfume de ambos se misturasse. – Uma bela mistura, não? Cravo e Canela. – sussurrou.
            O coração de Helena estava parecendo uma obra em construção de tão rápido que batia. Ela sabia que estava vermelha e adorava aquela situação. Entretanto ela tinha medo, não queria que ninguém a visse daquele jeito com Will.
            - Não fuja mais de mim como fez ontem. Você me deixou muito preocupado. – comentou, complementando. – E conte pra mim tudo o que você pensa, sente e vive.
            - Por que Will? – sussurrou olhando em seus olhos.
            - Porque eu quero te proteger e...
            - E o que?
            - Eu ainda não sei, mas quando descobrir eu te conto. – disse brincalhão passando a mão pelos cabelos da menina.
            - Ok, ok – disse sorrindo. Por mais que estivesse com medo, não pararia Will, independente do que ele fora fazer ali. Estava em êxtase. Ele parecia à única coisa que existia no mundo naquele momento. Ele, por um instante, era o seu tudo, o seu tudo que aquecia seu coração e a fazia voar.
            - Não quero que o meu pequeno anjo se machuque por aí – disse por fim, dando um singelo beijo em sua testa.
            Helena o abraçou mais forte e encostou sua cabeça em seu ombro. Ficaram assim por alguns segundos, até que Helena bocejou.
            - Cansada?
            - Um pouco. – respondeu sinceramente.
            Sem nem ouvir as reclamações que poderiam vir da menina, Will sentou-se no sofá e a puxou, fazendo com que ela deitasse em seu colo. Ele afagava lentamente seus cabelos e encostava, às vezes, carinhosamente em seu rosto. Depois de um tempo Helena tomou um pouco de coragem e perguntou:
            - Me diga o que quer saber que eu vou te responder.
            - Sério? Qualquer coisa? – questionou achando estranho o ato da menina.
            - Uhum.
             Will pensou um pouco sobre o que poderia perguntar. Entretanto a sua maior curiosidade era causada por seu ciúme bobo.
            - Você e o Yuri são? – perguntou um pouco acanhado.
            - Amigos. – respondeu achando graça da pergunta.
            - Só isso?
            - Sim. Ele e o meu irmão estudaram juntos desde criança, então ele sempre estava lá em casa. Acabei me afeiçoando com ele, e ele comigo, e viramos amigos.
            - Você não acha que tem muitos amigos homens? – perguntou ciumento.
            - Não, só o Yuri e o Dan, eu acho.
            - Sei, sei. – comentou fazendo uma careta.
            Helena bocejou novamente, acabaria dormindo ali se Will a deixasse. Estava muito cansada, pois não havia conseguido dormir direito pela noite.
            - Não dormiu bem?
            - Não, esse sofá é muito ruim.
            - Ah é?
            - Uhum, você é mais confortável e aconchegante que esse sofá. – comentou, fechando os olhos. – Posso dormir? – pediu.
            - Pode. – concordou sorrindo.
            Will assim que concordou a envolveu um pouco mais, tentando deixá-la o mais confortável possível. Enquanto ela lentamente começava a dormir ele tentava entender a relação que possuíam. Era algo extremamente esquisito do seu ponto de vista, uma vez que nem parecia que haviam brigado pela manhã. Eles começaram a se tratar com tanto carinho de um dia para o outro que para ele aquilo parecia meio que sem explicação.
            Fazia 10 minutos que Helena pegara no sono quando alguém abriu a porta e entrou no quarto. Ao principio Will não se importou muito pensando que talvez fosse uma enfermeira, mas repentinamente ele sentiu que estava sendo fuzilado por alguém e decidiu abrir os olhos. Assim que abriu se surpreendeu. Quem estava ali, a olhar atônito para ele e Helena, era Danniel.
            - Vamos conversar na saída de emergência. – foi à única coisa que o rapaz disse antes de sair pisando forte do quarto.
            Como Helena já estava dormindo e Will estava receoso em acordá-la, ele a ajeitou cuidadosamente no sofá e levantou-se. ‘O que será que esse cara quer conversar comigo?’, se perguntava. Ambos haviam se encontrado apenas duas vezes, então qual era o motivo de tal conversa?
            “Parece que te conheço desde sempre.”


            Assim que Will atravessou a porta da saída de emergência, sentiu seu corpo cambalear e seu rosto arder. Danniel havia se aproveitado da situação e havia lhe dado um soco.
            - Quem você pensa que é? – esbravejou Dan, depois de socar Will.
            - Eu que te pergunto isso. Por que me bateu? – contestou Will enquanto se ajeitava e passava a mão sobre o rosto dolorido.
            - Conheço muito bem o seu tipinho.
            - O que? – questionou Will não entendendo o motivo de ter apanhado.
            - Seduz garotas e depois as abandona. – disse por fim Danniel expressando toda a sua raiva e frustração para com Will. – Eu não quero ver você perto da Helena novamente – disse olhando intensamente para o rapaz.
            - Quem é você para decidir isso? Você acha que é quem? – perguntou colérico.
            - Eu sou quem a protege. – disse ríspido.
            - E se ela não precisar mais de sua proteção? – perguntou Will como se fosse algo muito simples de se responder.
            Danniel estava irritado e com muita raiva de Willian pela pergunta que o mesmo fizera. Não aguentando mais essa raiva momentânea, que tentava reprimir, tentou dar mais um soco em Will, mas desta vez o rapaz conseguiu se proteger.
            - Por que você está tão furioso? Você não quer apenas protegê-la não é? – perguntou seriamente indignado. Como Dan continuou calado completou: - Eu não vou ficar longe da Helena, independente do que você faça ou diga.
            - Você não sabe nem o que sente...
            - Posso não saber o que sinto, mas e você? E você que sempre soube o que sente, mas nunca teve coragem de falar?
            A pergunta de Will deixara Dan totalmente sem palavras. Como ele conseguiu ver tanto de seu coração? Ele sempre ocultara tudo o que sentia, mas Will, um desconhecido, havia percebido o que havia atrás de todos aqueles anos de amizade.
            - Você... – começou Dan.
            - Eu o que? Você acha que tem algum direito de me julgar? Comece a julgar seus próprios atos antes de julgar os meus. Você a ama, e sempre a amou.- concluiu, jogando os fatos sobre Dan, como se ele fosse o promotor e o rapaz o réu.
            - Não, você está enganado. Eu só quero protegê-la. – disse mais para si do que para Will. Não entregaria seu segredo dessa forma para o seu maior rival.
            - Não, você a quer para si. Isso não é proteção, é posse. – concluiu um tanto quanto revoltado – Você a quer para sempre ao seu lado, independente de qual seja a relação de vocês. Você a ama, e a ama muito, mas quanto vale esse amor se comparado com a sua falta de coragem?
            - Cale essa maldita boca. – pronunciou furioso.
            - Por que devo ficar quieto, se é isso exatamente o que eu vejo? Você é incapaz de dizer que eu estou errado.
            - CALE-SE!! – gritou exaltado, indo mais uma vez para cima de Will.
             “Esse seu temperamento... Por que não quis ser advogado?” (Comentário MEU)

            Rafael entrou no quarto, e percebeu que a irmã dormia. Achou estranho, pois acabara de ver Will e Dan caminhando até a sala de emergência.     Com o barulho do entra e sai das enfermeiras e do médico que estavam falando dos exames com Rafael, Helena por fim acordou, após dormir apenas alguns minutos. Logo estranhou estar deitada sobre a almofada ao invés do colo de Will. Assim que o doutor se retirou, ela levantou-se e olhou para o irmão, que retribuiu com um olhar de curiosidade.
            - O que foi? – perguntou.
            - Will esteve aqui, não é? – perguntou vendo a expressão da irmã. – E Dan também, né?
            - Dan? – perguntou assustada. – O Will eu vi, mas o Dan...
            - Acabei de ver os dois entrando na porta da saída de emergência.
            Ao ouvir aquilo o coração de Helena se exaltou. Ficou preocupada com Will. O que será que Dan teria visto pra levar o menino até aquele lugar. Não pensou nem duas vezes antes de sair atrás dos dois.
            - Já volto maninho. – falou saindo correndo do quarto.
            Chegando perto da porta ouviu a voz de Will. Pelo jeito Dan havia dito algo que o deixara brabo, mas mesmo assim ela não viu naquela frase problema algum. Por que Dan não podia dizer que Will estava errado?
            Foi quando ouviu a voz de Dan, impassível, irritadiça e cheia de ódio e rancor. Aquele não era o Dan que conhecera. Temendo por Will, ela entrou naquele lugar.
            - CHEGA! – disse se colocando entre Will e Dan. Mas era tarde demais. Danniel estava com muita raiva e pronto para dar um soco em Will, que ao perceber a presença da menina a empurrou para protegê-la, levando assim mais um soco em seu rosto.
            Helena não podia esconder a decepção que sentia por causa de Dan. Nunca havia imaginado que ele bateria sem ter motivo em alguém. Olhou com raiva para Dan e suavizou o olhar assim que foi acudir Will, que ficara um pouco atordoado com o segundo soco.
            - Will, você está bem? – perguntou preocupada, passando a mão no rosto machucado do menino.
            - Estou bem e você? – perguntou retribuindo o olhar de preocupação. Ambos estavam com os nervos à flor da pele por causa da situação, mas mesmo assim podiam sentir o carinho e zelo dos dois que aquela simples pergunta continha.
            - Helena, desculpe... – sussurrou Dan desesperado, mostrando arrependimento.
            - Não peça desculpas para mim, mas sim para ele. – disse apontando com a cabeça para Will.
            - Eu não vou me desculpar com ele. Ele mereceu. – disse por fim como se fosse uma criança de 5 anos explicando para a professora o motivo da briga com seu coleguinha de turma.
            - Não quero saber Dan. Quero suas desculpas para com ele agora.
            - Me desculpe Willian. – disse irônico. – Mas saiba que estas desculpas são apenas da boca pra fora. – completou deixando Helena muito braba.
            - Dan?! – exclamou indignada.
            - Deixe quieto Helena. Acho que é melhor vocês conversarem. – disse paciente demonstrando preocupação.
            - Tem certeza Willian? É isso que você quer? – disse Dan desdenhando.
            - Não é o que eu quero, mas é o que é necessário. Vou indo Helena, descanse bem para o acampamento. – disse dando um singelo beijo na testa da menina.
            - Obrigado Will. – sussurrou – Quer o moletom?
            - Não. Pode me devolver no acampamento. - disse já abrindo a porta – Diga ao Rafa que precisei ir. Tchau Danniel.
            - Tchau Willian. – respondeu secamente.
            Helena estava indignada com o ocorrido. Assim que Will se foi, Lena olhou para Dan com cara de reprovação. O que eles acharam que estavam fazendo? O que discutiam a ponto de Dan perder as estribeiras?
            - Helena... – sussurrou Dan tentando arranjar uma desculpa para toda aquela situação.
            - Dan, eu não quero saber o motivo desta briga e não tenho a mínima vontade de tentar descobrir, mas saiba que a saída de emergência de um hospital não é e nunca será um lugar para se brigar. – disse demonstrando sua indignação.
            - Lena... – sussurrou, novamente sendo interrompido pela menina.
            - Realmente não quero saber Dan. Só peço que pare de implicar com o Will, por favor. Ele é uma boa pessoa e sempre está pronto para me ajudar. Não seja tão chato. – concluiu sentando-se ao pé da escada.
            ‘Mas esse é o problema Lena, ele é uma boa pessoa que sempre está pronto para te ajudar. E por estar assim, está mais do que preparado para conquistar esse seu ingênuo coração’, pensou Dan.
            - Lena eu não quero perder você pra ele. – disse por fim, reunindo toda a coragem que possuía no momento.
            - Por que Dan? Por que você acha isso? Você sabe que eu sempre estarei ao seu lado, então por quê?
            O silêncio de Danniel intrigou Lena. Em todos aqueles anos de amizade e companheirismo ele nunca havia ficado tanto tempo quieto, pensando na melhor forma de respondê-la. Se ele era um covarde, um inútil e um fraco, era algo que ele só iria descobrir se tentasse, mas por que algo em seu coração dizia que ele deveria ficar quieto? Deveria deixar todo aquele sentimento que sempre existiu se extinguir sem nunca ter sido exposto?
            - Dan, entenda... Às vezes... Certas coisas estão destinadas a acontecer, mas, mesmo que aconteçam, não quer dizer que nós vamos nos separar. – disse calmamente.
            - O que?! – exclamou indignado – Você acha que é destino você se encontrar com o Will? Poupe-me Helena, destinos não existem...
            - O que vivemos e achamos que é o destino não é nada mais que a consequência dos nossos próprios atos. – concluiu Helena, já cansada de ouvir sempre a mesma ladainha por parte de Dan – Eu sei mais do que ninguém isso Dan, principalmente porque você nega sempre o que é o destino, mesmo sabendo que eu acredito nisso. Acha que o nosso encontro é consequência do ato de bêbados ou era pra você passar ali e me ajudar? – perguntou. – Tinha muitas pessoas que poderiam ter parado para me ajudar, mas quem parou foi você Dan.
            - Lena, isso não tem nada a ver...
            - A culpa não é minha se você não acredita. Agora, por favor, peço que pare de implicar com o Will, se ele fez algo não foi por maldade.
            - Sem maldade? Pare de ser tão ingênua Helena! – exclamou, irritado por Helena estar defendendo Will.
            - Pare você de ser tão exagerado – exclamou fazendo uma careta para o menino – Você é tão pacífico, por que apelou para a violência? – perguntou suspirando de cansaço.
            - Pacífico? Eu? – disse irônico, sentando-se ao lado de Helena, que riu de sua ironia. Se Dan fosse sempre pacífico talvez eles nunca tivessem se tornado amigos.
            O cansaço da discussão estava atordoando Helena que se aproveitou do ombro de Dan, apoiando assim sua cabeça. O ato da menina derrubou todas aquelas barreiras criadas por causa da discussão. Eles nunca conseguiam discutir por muito tempo, pois sempre desviavam o assunto, ou acabavam concluindo que a discussão não levaria a lugar algum, ou ainda acabavam rindo do assunto.
            - Inútil de novo, né? – comentou Lena.
            - Sempre – concordou rindo – Ainda bem que nossas discussões são sempre inúteis.
            - Ainda bem – concordou – Dan...
            - Hum.
            - Pode me prometer uma coisa?
            - O que?
            - Você me promete que nunca vai me abandonar? – pediu pegando na mão do amigo.
            - Prometo. Nunca, jamais, em hipótese alguma eu te abandonarei. – respondeu olhando profundamente nos olhos da amiga. – Será que o seu irmão não está preocupado com você?
            - É mesmo. Vamos?
            - Vamos. Você não vai falar nada pra ele sobre o que aconteceu aqui, vai? – perguntou receoso.
            - Não, o Will é um dos melhores amigos dele é melhor não comentar o ocorrido. – vendo a cara de preocupado de Dan, completou: - Você não tem culpa por não saber que eles eram amigos, aliás, o Will tinha vindo aqui para visitá-lo.
            - Eu devia ter pedido desculpas sinceras para o Willian. – falou arrependido, quando estavam para entrar no quarto.
            Rafael assim que viu a irmã suspirou aliviado e olhou para ela com uma expressão divertida. Porém assim que notou que Will não estava junto estranhou.
            - Ué? Cadê o Will?
            - Precisou ir maninho. E o que o médico disse pra você? – perguntou, desviando-se rapidamente do assunto.
            Enquanto conversavam, Helena não pode deixar de notar o olhar triste de Dan. Mesmo que ele tivesse prometido que nunca a abandonaria, algo em seu coração dizia que os dois não ficariam juntos por muito mais tempo.
            “ Por que você não disse que tudo era uma mentira?”

            Will estava muito ansioso e nervoso. Não sabia se tinha feito o certo ao deixar Helena e Dan sozinhos depois de toda aquela discussão. Por mais que soubesse que Dan nada falaria, ainda se sentia preocupado com o que ele pudesse fazer. ‘Os atos são mais preocupantes que as palavras em momentos como este’, pensou.
            Entrou lentamente em casa, para não chamar a atenção de Kingone, independente de onde ele estivesse, e foi até o banheiro. Lavou demoradamente o rosto tentando tirar ali todas as preocupações que habitavam sua mente e coração. Olhou-se no espelho e percebeu quanto seu rosto estava vermelho, se tivesse sorte não ficaria roxo.
            Kingone entrou avoado no banheiro e exclamou indignado ao ver o rosto do amigo. O que ele fizera para Helena para que seu rosto ficasse daquele jeito?
            - Nossa, mas como a Helena é nervosa!! – exclamou após olhar a região machucada do rosto do amigo.
            - Não foi a Lena. – disse Will fazendo caretas de dor.
            - Não foi? Então foi o Rafa?
            - Não também.
            - Foi quem então? – perguntou cheio de curiosidade.
            Will olhou para o amigo e suspirou de pesar. Ele não sabia como explicar o seu infortúnio.
            - Foi o Dan.
            - Dan? De Engenharia Eletrônica? Aquele cara que está sempre com a Helena?
            - Uhum. Esse mesmo.
            - Mas, então, o que vocês dois... Digo, você e a Helena estavam fazendo para que ele te batesse assim?
            - Nada. Apenas disse algo que o irritou. A Helena na verdade pegou no sono deitada no meu colo e não viu quando o menino lá chegou. Ele ficou nervosinho do nada e me chamou para conversar com ele na saída de emergência.
            - Ai, você falou poucas e boas para ele e ele te bateu. – deduziu Kin.
            - Na verdade ele falou as poucas e eu falei as boas.
            - E as boas que você falou foram suficientes para levar um soco.
            - Na verdade foram dois.
            - O.o Dois socos? Tá vivendo em que mundo Willian para conseguir nem se defender?
            - Em nenhum. Cara louco, quase bateu na Helena. – disse saindo do banheiro, sendo seguido pelo amigo.
            - Quase bateu?
            - É, cara sem noção, veio para me dar um soco, mas a Lena entrou na frente, se eu não tivesse a empurrado, e levado o soco, ele teria acertado ela.
            - E isso é um dos motivos que te preocupa. – concluiu Kin.
            - Ãh? – perguntou confuso.
            - Certamente deixou os dois lá no hospital conversando e isto te preocupa. Você não sabe qual será a ação de Helena em relação ao ocorrido. – simplificou.
            - Só que eu sei que ela o perdoará. Eles têm um forte laço de amizade Kin, não será uma briga dele comigo que vai separá-los. Eu também não desejo isso. Dan é um grande amigo para a Helena e não quero que ela o perca por causa de mim. – disse sinceramente.
            - Bem pensado Will. Você se importa com ela mais do que pensa e isso é bom.
            - Tem certeza Kin? Temo que por causa dele eu não consiga estar com ela.
            - Não seja assim Will. Olhe...
            - Olhe você. Kingone você me confundiu dizendo primeiro que eu estava apaixonado por ela, depois que era apenas desejo. Só que hoje, quando a vi no quarto do Rafa sem saber que ela era irmã dele eu simplesmente pirei, fiquei possessivo, ciumento e me senti traído. Isso não é apenas desejo Kingone, sei que é algo muito mais forte. – disse ao amigo, não conseguindo conter tudo o que sentia.
            - Psicologia reversa. – sussurrou Kin.
            - O que?
            - Psicologia reversa, sempre ajuda quem não entende o que sente. Na verdade, Will, quero que você me desculpe. – pediu.
            - Por quê?
            - Porque, assim como você, não sabia se o que você sentia era verdadeiro. Cara, entenda, você é um playboyzinho, e sempre teve tudo o que quis. Quando percebi que você estava sem jeito por causa da Helena eu quis te testar.
            - O QUE?
            - Eu quis te testar Willian. A Helena é uma menina muito doce, boa e um pouco ingênua, se o que você sente por ela não fosse verdadeiro eu já o teria afastado dela. Não deixaria um cara como você destruir o pequeno mundo dela.
            Will estava calado. Então toda aquela conversa de Kingone, desde o começo, era apenas uma forma de confirmar mais o que ele sentia por Helena, para que assim ele não a machucasse? Por mais que se sentisse traído sabia que não valia a pena discutir as experiências psicológicas do amigo que eram aplicadas nele. Não se sentia brabo, pois sabia que Kin fizera aquilo com a melhor das intenções, ou seja, apenas para não machucar Helena.
            Se era ou não a tal da psicologia reversa não importava no momento, o que ele precisava era reorganizar o seu coração. Pensando bem, como ele e Helena realmente se conheceram, se eles deveriam esquecer aquele primeiro contato desastrado?
            Calado Kingone apenas observava a expressão do amigo mudar aos poucos. Will parecia um espantalho, extremamente cansado, tentando em vão espantar pensamentos de corvo de sua mente. Querendo ou não ele deveria achar uma luz naquele túnel sem fim.
            - Kin, você me consideraria um louco se eu te dissesse que preciso da Helena, mais do que tudo, mesmo não a conhecendo direito? – perguntou Will seriamente.
            - Willian, desde que você esteja feliz não importa o que eu ache. – comentou sorridente.
            - Credo, você falou igualzinho a minha mãe. – comentou, dando uma leve risada. – Vamos sair? Esfriar um pouco a cabeça?
            - Quer ir aonde rapaz?
            - No vizinho. – disse gargalhando – Anthony que nos espere.
            - Então vamos lá. – concordou Kingone, já indo em direção à porta. A noite, pelo jeito, prometia ser divertida.

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