quarta-feira, 28 de julho de 2010

2º Capítulo: O tolo

“Deixar-se ser engano é pior do que enganar”

2º Capítulo: O tolo
Ah, saborear o aroma da doce vitória estava lhe proporcionando um gostinho a mais de liberdade. Agora com Myenett fora do seu caminho, deveria mover as devidas peças para poder conquistar o mundo.
Sim, o mundo, por que não? Teria o mundo em suas mãos, mesmo que tivesse que derrubar a “rainha”. Pois bem, talvez ele fosse o “rei” daquele jogo de “xadrez”.
Entretanto, ele nem esperava que desejassem acabar com seus planos. Ele sabia demais, mais do que deveria, mais do que podia, mais do que poderia guardar como um segredo. Sua vida estava ameaçando-a, e porque não eliminá-lo para se ver segura?
Aquela sensação de poder e adrenalina começou a subir pelo seu sangue, o deixando atordoado e totalmente agitado. Sofrera muito nas mãos daquela mulher, agora poderia dar o troco naquela megera. Ela pagaria por cada malvadeza que o mandara fazer.
Tão distraído com seus planos de dominar o mundo, o pobre ingênuo não percebeu a presença daquela criatura escondida, a poucos metros de si, a apontar-lhe uma arma bem no centro de sua cabeça.
- Aiai! Como manda a “rainha”! Temos apenas que mexer o próximo peão! Pena que é a coitadinha da princesinha! – proferiu o homem que se encontrava com um teor alcoólico altíssimo, e mal sabia que aquelas seriam suas ultimas palavras.
O sujeito misterioso ajeitou a mira e desculpou-se mentalmente: “Desculpe-me Pequena, se não faço isto, não poderei protegê-la do meu modo”. Sem pestanejar, fez o que fora lhe ordenado, apertando assim fortemente o gatilho.
O silenciador abafou o som da morte, que vinha buscar o bêbado. A bala alcançou rapidamente seu alvo, explodindo a cabeça do homem sem dó nem piedade.
A “morte” aproximou-se perto do cadáver e colocou em suas mãos a corrente de sua Pequena. Agora sim, era só terminar o serviço.


Xiah Junsu entrou rapidamente no gabinete de sua chefa. Não estava se sentindo bem, seu coração dizia que algo ruim estava acontecendo e agora aquele chamado de ultima hora para o “serviço” quase fez seu coração sair pela boca.
Na sala de Rainie seu parceiro, Jaejoong, já o esperava sério. Era incrível como ele conseguia manter-se calmo em situações de emergência, por isso era o nº 1 da agencia. Por outro lado, ao olhar para a expressão de sua chefa, viu-a nadando em uma frustração tremenda, e ele odiava quando ela estava assim totalmente aflita.
-Rainie, o que aconteceu? – perguntou extremamente preocupado.
-Acabamos de receber um telefonema. Há um homem assassinado em um galpão, a poucas quadras do Edifício SS501. A causa da morte foi uma bala, que explodiu a cabeça do cadáver e espalhou massa cefálica por todo o lugar. Já foram enviadas viaturas e técnicos, o legista também está lá. – contou-lhes Rainie com uma expressão inabalável.
-E então? Vamos lá? – perguntou Jaejoong, tentando deduzir.
- Sim, quero que verifiquem se há mais alguma pista além daquilo.
O coração do pobre Junsu acelerou mais que um carro de Fórmula 1, sem ter o porquê, deixando absolutamente transtornado, o que não passou despercebido por Jaejoong, que o olhou aflito. O que será que perturbava seu amigo que o fazia procurar a pequena corrente de asa de anjo, que formava par com a corrente de Yume, que trazia junto ao peito?
- Rainie, o que é o aquilo? – perguntou Jaejoong cauteloso.
-É uma correntinha Hero. Uma correntinha de asa de anjo.

Um sentimento misto de choque, alívio e surpresa, fizeram Yume largar a vassoura e entregar-se aos braços do mancebo sedutor, que a acalentou deixando-a derramar litros e mais litros de lágrimas.
Ele se sentia estranho. Era totalmente diferente tê-la em seus braços, era algo tão prazeroso, tão terno, que despertava aquela parte perdida de seu coração. Sim, ele a amava, a amava de uma forma tão única, que era quase impossível segurar aquele sentimento.
Ali, em seus braços, depois de cansar-se de tanto lamentar a sua sorte, dormia tranquilamente a pequena dona de seu coração.
-My little princess, me desculpe. Eu não sabia o que era o amor até te encontrar. Você mal me conhece e eu já me encontro caído aos seus pés. Como fui tolo de pensar que posso protegê-la assim? – sussurrou nos ouvidos da adormecida. – Pequena, eu faço isso porque te amo, e não vou abandoná-la. Espero que um dia talvez possa me perdoar.
Beijando delicadamente a face da jovem, observou-a dormir com uma grande dor em seu coração. Como pode ser mais tolo que o maior dos tolos?


Yume despertou de um sono tranqüilo e deparou-se com dois olhos castanhos a olhar-la intensamente, o que a fez enrubescer. Como poderia ter tal sentimento por aquele homem? Como poderia sentir que o amava?
-Pequena, está melhor?
-Sim, estou... – disse-lhe surpresa por ainda não saber o nome do moço – Desculpe-me, mas como posso chamá-lo?
O rapaz esboçou um sorriso divertido e respondeu-a:
-Pode me chamar de Done Oh¹. Um nome apenas para você.
Done Oh olhou-a profundamente. Seu coração doía, anunciando que aquela era a hora certa. Mas ele não queria, não poderia machucá-la mais.
-Done Oh... O que foi? – perguntou preocupada ao ver a expressão do amado.
Arrepiando-se ao ouvir o “seu nome” sair pelos lábios vermelhos de sua amada, Done Oh pegou ternamente sua face e beijou seus lábios apaixonadamente, como se fosse a primeira e última vez. Yume nada fez para impedi-lo apenas saboreou aquele diferente sentimento.
Como ele queria que aquele momento fosse eterno, como ele queria tê-la para sempre junto a si. Como ele despedaçaria o seu coração?
-Yume, adeus. -disse bruscamente após afastá-la de si.
-Como assim adeus Done Oh! Eu te amo! Você não percebe isso?-perguntou com algumas lágrimas brotando em seus olhos.
-EU TAMBÉM TE AMO YUME, MAS ISSO ESTÁ ERRADO! VOCÊ NUNCA ENTENDERÁ COMO ME SINTO! VOCÊ NUNCA SABERÁ O QUE HÁ EM MEU CORAÇÃO! – grita perdendo assim a postura de bom moço, empurrando-a do sofá, direcionando-se para a saída
O coração de Yume sentia infinitas facas o perfurando. As lágrimas inevitáveis caiam como torrentes de seus olhos inchados. Será que o sofrimento nunca ia parar?
-Done Oh! Você não pode me deixar! Eu preciso de você! – sussurra desesperadamente levantando-se e indo em direção a porta, tentando impedi-lo.
-Só não posso como vou! – “Me desculpe Pequena”- respondeu-lhe rispidamente – Saia já da minha frente, eu lhe ordeno!
-Nã... (BAM).
Done Oh, sacando do cinto uma arma, desfere dois tiros em sua amada, que desfalecida cai ao chão, sem ao menos saber o porquê de tanta dor em seu coração.
Horrorizado com a cena, Done Oh, termina o “serviço”, com o coração se desmanchando em desespero. Pelo menos sua amada ainda vivia, mas perdia muito sangue. Agora o resto era por conta dos vizinhos.
-Adeus, meu amor. Espero que um dia você me perdoe.

Aquele galpão fedia a carne. Se não fossem extremamente profissionais talvez estivessem vomitando por ai, mas aquela equipe já vira coisas piores.
A cena não era tão horrível assim. Apenas uma mesa com uma garrafa de Vodka por terminar, massa cefálica por ali e por aqui, uma cabeça estourada em cima da mesa, e uma única pista de quem fizera aquilo.
Olhando aquilo tudo, Junsu ainda não conseguia digerir o porquê da correntinha. Yume não teria coragem suficiente de segurar uma arma, e nem de matar uma pessoa. Ela não era uma maníaca, mas seu DNA estava na cena do crime, estava naquela correntinha.
Tão pensativo se encontrava que nem percebeu a presença de Jaejoong.
- Que bela cena não! – disse assustando o pobre rapaz.
-Kim Jaejoong,... Você tem razão!- concorda Junsu – Mas você acredita que uma menina com seus vinte anos seria capaz de fazer isso?- pergunta com esperanças de uma resposta negativa.
Naquele momento Junsu sentiu seu coração arder, como se estivesse levado verdadeiramente um dolorido tiro em seu peito. Sua face se tornou branca, sua expressão dolorida, seus músculos se tornaram moles e queriam o levar ao encontro do chão.
-Xiah, você está bem? – perguntou Jaejoong, o amparando.
Vozes são ouvidas gritando desesperadas. O que será que havia acontecido? Teriam encontrado talvez o assassino?
-JAE E JUN ! – diz o xerife Dong Wook entrando rapidamente no local – Tomem conta disso daqui!
-O que foi xerife? Por que essa cara?-pergunta Jaejoong, olhando para Junsu que já havia se recuperado.
-Preciso ir agora. Ligaram do Edificio SS501. Pelo que foi informado um dos inquilinos do edifício foi vitima de tentativa de homicídio.
-Esse prédio é a apenas duas quadras daqui. Deixe-me ir com você. -pede desesperadamente Junsu.
-Desculpe-me oficial, mas acredito que precisam do seu trabalho aqui. - disse o Xerife correndo em direção ao edifício.
“Deus, não permita que algo aconteça com a minha Yume”.

A vizinha estava horrorizada. Após escutar uma pequena discussão no apartamento do lado e som de tiros não pode deixar de espiar pelo buraco que possuía na parede e que dava diretamente para a sala do inquilino. Como um ser poderia ser tão frio a ponto de cometer tal abominação?
O homem que antes se encontrava com a arma em suas mãos devidamente vestidas com luvas, tentava incriminar a própria moça, colocando em suas mãos como se fosse uma tentativa de suicídio. Como era covarde! Em sua época os homens assumiam pelos seus erros.
Tomada por um ódio profundo pegou o telefone e discou para o 190. O que começou a preocupá-la era a quantidade de sangue que formava em torno da moça.
“Senhor a proteja, ela não tem culpa de ter sido enganada por um ser tão abominável. Eu sei que o senhor poderá fazer algo pela alma do pobre moço, mas salve a menina, ela não sabe de nada.” – pedia a vizinha no momento em que a campainha tocou. Estava na hora de enfrentar um mar de sangue.

“Apartamento 73, do Edificio SS501. Cena do crime: uma moça ensangüentada com dois tiros no ombro. Perdia muito sangue. A arma do crime se encontra em sua mão. Não há sinais de arrombamento. Há apenas o relato da vizinha de uma discussão com um moço, seguido de dois tiros. Invasão de privacidade por parte da própria ao presenciar a cena por um buraco em sua parede. Segundo ela o homem atirou na moça.”
-Cadê a ambulância que não chega? – perguntou o xerife.
Ele estava nervoso, a menina a cada segundo perdia mais e mais sangue, talvez não sobrevivesse à cirurgia de retirada das balas que haviam entrado profundamente em sua pele. O que era mais estranho era aquele sentimento de alerta que ele sentia. Talvez ele devesse dizer a Jaejoong a identidade da vitima.
-TrimTrim….- era o celular do xerife.
-Alô?Xerife!
-Sr. Jaejoong, você não morre tão cedo, sabia? Diga o que quer?
-Posso saber o que ocorreu ai?-perguntou divertido.
-Tentativa de homicídio, com dois tiros, a moça esta sangrando a beça e esta desacordada.
-Seria muito perguntar o nome da vitima?-perguntou esperançoso
-Não sei se isso está relacionado com o que ocorreu ai, mas ai vai o nome. A moça se chama Yume Anaê Myenett.
Pelos santos sentimentos de Junsu! Será que era por isso que ele passara mal? Era tão grande assim os laços que ele tinha construído com aquela moça?
-Tudo bem Jaejoong?-perguntou apreensivo o xerife.
-Não diga isso ao Junsu. Por favor, xerife. Ele esteve o dia inteiro com o sentimento de que algo ruim iria acontecer com alguém muito próximo a ele. -implorou o moreno.
-Ela é conhecida dele?- perguntou surpreso. -Ela precisara de muito sangue, talvez ele possa doar.
-Ela é alguém muito importante para ele. O levarei ao hospital, talvez ele possa ajudar. Mas bico fechado, hein?
-Ok? Mas leve-o agora, a ambulância acabou de chegar.
O xerife teria muito trabalho para fazer. Pelo jeito alguém não queria Yume viva. Talvez ela atrapalhasse alguns planos. Talvez houvesse dinheiro na jogada, muito dinheiro.
A herdeira de uma das maiores multinacionais do mundo fora levada as pressas ao hospital, após perder o pai em apenas um dia, conseguiu estar entre a vida ou a morte. “Talvez seu pai queira uma conversa com ela”, pensou o xerife, perturbado.


Uma bomba estava nas mãos de Jaejoong.
Em apenas alguns minutos descobrira muito. Descobrira a preciosidade que corria perigo, descobrira o que deixara Rainie tão preocupada. Como será que Junsu reagiria a tal acontecimento?
Como alguém poderia ser tão cruel a ponto de tentar atingir a maior agencia de espionagem e criminalística por meio de um dos seus mais importantes agentes?
-Jaejoong, algum problema? –perguntou Junsu chegando perto dele.
-Entre no carro Junsu. Agora.
-Por que Hyung?
- Vamos ao hospital.

A igreja estava silenciosa demais e Yoochun estava prestes a terminar de dar sua ultima penitencia. Mal ele sabia que ela seria uma grande revelação.
O homem chegou taciturno, se dirigindo rapidamente até o confessionário. Estava nervoso e apavorado, aquilo já estava indo longe demais, e ele não aguentaria muito.
-No que posso lhe ajudar?- perguntou-lhe Yoochun.
-Padre, eu pequei, e estou totalmente arrependido por isso. – disse o homem um pouco envergonhado.
-Diga-me o que lhe aflige pobre rapaz.
O homem tornou-se um tanto quanto receoso, mas ele teria que se abrir para alguém e um representante de Deus era a melhor pessoa naquele momento.
-Padre, eu não sei como lhe contar isso, mas... Eu matei. Matei por necessidade, matei por amor.
-O que você matou?- perguntou Park, alarmando-se.
-Matei pessoas padre. Muitas pessoas. A ultima vitima foi no galpão perto do SS e, eu estou arrependido, muito arrependido.
Yoochun tornou-se mudo. Mudo a ponto de pensar em todas as pessoas que poderiam ter sido mortas por aquele rapaz. Pelos espaços do confessionário ele viu o rosto, o rosto do abominável ser. Tinha que falar com Rainie urgentemente, “ele” finalmente havia se revelado.
-Padre?- perguntou o moço.
-Só Deus pode lhe ajudar no momento! Peça por sua alma, antes que alguém queira cobrá-la. -disse-lhe rapidamente.
O homem compreendendo o que o padre queria dizer, saiu rapidamente da igreja. Antes de descansar em paz teria que fazer ainda muita coisa. Ele deixava para trás um padre receoso, apavorado e muito aflito, que no momento só sabia de uma coisa: estava na hora dele voltar para Rainie.

Vocabulário:
¹Done Oh: Personagem do dorama de Taiwan Prince turn into a frog. Na verdade seu nome é Jun Hao, mas ele acaba perdendo a memória e acabam lhe dando o nome de Done Oh.

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