terça-feira, 15 de junho de 2010

Meu Anjo da Guarda - 1° Capítulo

Hehe - Desculpem a demora, ele já ta pronto a 10 dias mas, sabe como é, a enrolação sempre ganha .....

“Os sinos da Igreja badalavam indicando que mais uma alma subia ao céu. Não era uma alma comum, era uma alma sofrida, arrependida e acima de tudo uma alma culpada. Deixara para trás uma vida inacabável, projetos eternos e um coração partido. Sim, um coração. Por mais que soubesse que o que fizera nunca seria perdoado, aquele amor paterno ia ser lembrado para além da vida.”

“‘Docinho, desculpe-me. ’-disse por fim antes de se entregar aquela sensação ádvena¹.”

1º Capítulo:
Nem tudo aquilo é o que parece ser


A Igreja tumultuada indicava que ali ocorria um velório, mas na cabeça de vento de uma criatura ocorria uma batalha mental:
“Não, não pode ser verdade! Só pode ser brincadeira. Uma baita brincadeira de mau gosto! Cadê!? Onde estão as câmeras? Em qual programa vai ao ar esta pegadinha?” – debatia internamente a sofrida alma.
Mesmo esperando e torcendo para que aquilo fosse um sonho ruim, no fundo ela sabia que só podia ser ele, seu pai, que jazia ali naquele caixão, sem nenhuma expressão e totalmente envelhecido. Como ele pudera fazer isso com ela? Era tão grande aquela desavença que nem ali, quase a ponto de se encontrar a mais de sete palmos do chão, ele não poderia se levantar e dizer a ela aquelas palavras que a faziam caminhar? Por que tudo aquilo não poderia ser uma brincadeira? Era tudo tão problemático.
Naquele ambiente sombrio, em que nada lhe parecia sensato, as memórias reviravam suas entranhas. Era tão difícil admitir que não tinha amado seu pai como deveria, era tão difícil não tê-lo mais por perto, era tão difícil... Que nem tentar ela queria.
Como algo inevitável, lágrimas e mais lágrimas quentes caiam sobre seus olhos tentando aquecer seu coração frio. Por que havia a necessidade do mundo inteiro ver a sua perda? Por que eles queriam vê-la se lamuriar?
Não aguentando mais a exposição de seus sentimentos dramáticos daquela forma, fez a única coisa que lhe parecia sensata no momento: correu. Correu o mais longe possível, deixando para trás uma igreja lotada e escondendo-se no jardim da propriedade, debaixo de uma árvore vela. Ali, certamente, ela poderia derramar seus prantos sem ser incomodada.
Yume Anaê Myenett era filha de Henry Myenett, um dos homens mais ricos o mundo. Dono de uma grande multinacional, ele nunca tivera tempo suficiente para dar carinho e atenção à pequena, o que resultou inúmeros desentendimentos que tiveram. Entretanto, sempre fora alguém muito especial para a pequena Yume, mesmo que em sua colocação de coisas mais importantes para a sua vida ela se encontrasse abaixo do tabaco, que sempre prezara como algo valiosíssimo e que não conseguiria viver sem. Ele era um completo insensível, sem noção, e em uma linguagem bem coloquial, ele era um tongo². Sempre incentivara as brigas da esposa com a filha, e não fizera nada quando ela escapou de casa, indo para um convento. O que a mais irritara era o desgosto que ele sempre tivera por Lee, seu namorado.
Tão absorvida em suas tristes lembranças e desejando que seu pequeno cavalheiro e amigo de infância aparecesse, como sempre, em um cavalo branco oferecendo-lhe a mão, não notou a aproximação de uma criatura, de postura séria e medonha, mas com uma beleza inigualável. Sem produzir nenhum barulho, como uma sombra, instalou-se ao lado da árvore vela, decidindo se pronunciar minutos depois.
- Como você está? Se eu fosse você, estaria péssimo. – como não houve resposta por parte de Yume, decidiu continuar o pequeno monólogo.
- Desculpe a minha audácia – ‘que bom que sabe se desculpar’, pensou. - Mas, creio que seu pai não gostaria de lhe ver chorando por causa do que aconteceu, ele provavelmente gostaria de vê-la sorrindo, não estou certo?
‘Quem será que é esse maluco? Pelo menos ele está me confortando’.
Limpando as lágrimas, se levantou, postando-se ao lado do homem. Quem seria aquela magnífica criatura e como ele chegara ali, ela não sabia, mas ter alguém ao seu lado naquele momento era o que mais precisava, já que Junsu e nem Lee estavam ali.
Instintivamente o homem pegou a sua mão. Mesmo que muitas pessoas já a tivessem alertado de que não se pode confiar em estranhos, Yume se deixou levar pelo belo cavalheiro.
Há tempos não sentia aquela sensação de paz e tranquilidade que fora proporcionada a ela somente ao caminhar ao lado dele. Era algo tão aconchegante e novo que nem parecia que eram dois desconhecidos. O caminho era cheio de flores e árvores, o ar puro estava ajudando-a a limpar seu sofrimento, mas ainda havia muito a ser dito.
- Como vai o convento? – perguntou, assustando-a.
Ninguém jamais fora suficientemente corajoso para perguntar-lhe algo com relação ao convento. Na época em que escapulira de casa, rumou para o lugar onde melhor lhe parecia reconfortante, o convento. Lá aprendera coisas que nunca esqueceria, lá entendera o que era ser humilde e qual era o significado das palavras família e união. Mas perdera o senso ao conhecer Lee, que a “resgatou” do que ele chamara depois de síndrome da boa menina.
- Como você sabe sobre isso? Quero dizer, foram poucos que souberam. – disse soltando da cálida mão do rapaz, um pouco constrangida pela pergunta.
- Não fique brava comigo, mas eu sei muito sobre você. - respondeu dando um sorrido de tirar o fôlego até de uma santa. - Bom, devem estar se perguntando para onde você fugiu.
-Hum? – perguntou recobrando o momento de frenesi.
- Já faz um bocado de tempo que saiu daquele jeito da Igreja. – concluiu o rapaz.
Nossa, ela cavara tanto suas memórias que mal se lembrara do velório, que já deveria ter acabado há milênios. Sabia que por mais que odiasse a sua mamãezinha, naquele momento de pura tristeza, ela deveria estar sentindo a sua falta e precisando mais que tudo da sua presença.
- Preciso ir agora. – declarou encantadoramente o rapaz. – Desculpe-me se a assustei. – disse pegando ternamente sua mãe e depositando delicadamente seus lábios, preparando-se para deixá-la.
O que era aquela sensação de solidão proporcionada por suas palavras? Por que ela no fundo sabia que precisava dele como alguém precisa de um remédio? Tentando saber alguma coisa sobre o galante mancebo, exclamou:
- Mas eu nem sei seu nome!
- Você não precisa saber quem eu sou. Só saiba que eu te amo e que ainda nos veremos muito em breve. ‘Mais breve do que você imagina’ – dizendo isso se foi como um fantasma, evaporando no ar em menos de um segundo.
Ali, ainda confusa, Yume não sabia o que fazer. O velório já havia terminado e agora que o misterioso rapaz se foi seu coração abrira um buraco ainda maior. Talvez Lee curasse aquela dor, ele sempre fizera isso. Só havia um probleminha: onde estaria ele?
‘Amor, temos que ficar com sua mãe hoje. Ela está frágil pela perda. ’
Sim, ele estava lá com ela. Chegara a hora de enfrentar a viúva.
-X-

Park Yoochun, um recém-sacerdote ordenado, observava o movimento da paróquia atentamente. Desde que resolvera seguir o desejo de sua querida mãe de virar um religioso, já havia se arrependido milhares de vezes.
Havia amado intensamente alguém, havia sonhado em viver, voltar a reviver e ser somente e eternamente e apenas dela. Mas o destino, muitas vezes prega peças que não conseguimos contornar, e foi isso que acontecera com ele. Seu amor passara em sua vida como um vendaval, deixando muitos estragos e ferimentos, que ainda doíam em sua alma.
Mesmo com o seu coração partido, era um exemplo de pessoa humilde para todos. Ajudava muito a comunidade tentando constantemente acabar com as injustiças que aconteciam ali. Era alguém muito misterioso, que possuía um enorme segredo que dependia de sua vida, e era por isso que fora para aquele lugar.
Após o término do fúnebre velório Yoochun, pode começar com o seu verdadeiro serviço. Há meses aquele era o local de encontro para a “troca”, e novamente o chefe do crime estava lá. Virar padre até que naquele momento caiu como um ótimo disfarce.
Atentamente de seu posto de vigilância, a torre da paróquia, viu algo que poderia ser classificado como alerta de perigo. O chefe do crime era alguém extremamente perigoso, o que aquela menina estava fazendo tão próxima a ele?
-X-

A mansão de sua família não ficava muito longe da Igreja, por isso não demorou muito para chegar lá. Ao ultrapassar os portões, notou que o carro de Lee se encontrava ali, parado junto o Audi de sua mãe.
‘Ainda bem que as ações de Lee são bem previsíveis’
O local estava silencioso e estranho para uma suntuosa mansão, como se ali vivesse fantasmas. As paredes que outrora foram claras e límpidas se encontravam escuras e estranhamente manchadas, fazendo a mansão parecer algo do além.
Fantasmas a parte, quando seu pai era vivo e ela ia visitá-lo, as recepções eram uma alegria só, e isso era algo que estava sentindo falta no momento.
E aquilo levou a pensar em como curar um coração machucado pela dor?
Era isso que ela fora buscar ali. Alguém que acabasse com o que a estava matando e Lee era simplesmente ótimo com isso. Ótimo até demais.
Lee sempre fora um cavalheiro, que nunca dizia não quando lhe pediam algo, é era disso que ela tinha mais medo. Ele ganhara seu coração como alguém ganha em um bingo. Ainda se lembrava de quando o conhecera, ela havia saído para comprar alguns ingredientes que faltavam no convento, e como noviça, era essa a sua obrigação. No caminho sua moto quebrou acidentalmente, sendo quase atropelada por um moço, que conquistou seu coração fazendo-a se divorciar de Deus.
Ela não sabia o porquê daquelas lembranças estarem se tornando uma pulga atrás da sua orelha e nem porque inúmeras perguntas viam a tona em sua mente, como: Por que o ambiente estava tão calmo e solitário? Onde estaria Lee, se o carro dele se encontrava ali na mansão? Sua mãe estaria bem?
Em passos inaudíveis, subiu calmamente as escadas se dirigindo ao quarto de sua mãe. Se a viúva tivesse sofrido tanto quanto ela iria estar, uma hora daquelas, debaixo dos lençóis. Antes de abrir a porta, pensou em bater, mas não queria atrapalhar o sono de sua mãe, decidindo assim entrar silenciosamente no recinto.
Não, ela nunca deveria ter pensado naquilo. Jamais, devia ter pensado em ser boazinha com a viúva.
‘....’
A cena que se rolava embaixo dos lençóis a deixara sem palavras. Sua mãe precisava tanto de um consolo que Lee chegara a fazer aquilo para animá-la? Afinal, o que era aquele contato corporal que a estava tirando seu sopro de vida?
Sua cabeça doía e girava. Os chifres criados pesavam tentando levá-la para o chão. Sem perceber, ao tentar sair rapidamente do quarto esbarrou em uma peça de roupa, produzindo um baque ao chegar ao chão.
-X-

Kim Jaejoong tomava um delicioso café da manhã quando viu nos noticiários que o famoso mafioso Myenett estaria, há poucos minutos, trancafiado em um caixão a muitos palmos do que se diria ser a terra. Enfim acabara a exaustiva missão de seu colega Xiah Junsu.
Há anos o pai de Junsu havia começado a tentar desmascarar o infeliz, tarefa que não conseguiu concluir, passando assim para o seu filho. Eles fizeram de tudo pra flagrar o individuo, mas tudo havia sido em vão, pois Junsu acabara por se tornar amigo íntimo da filha do homem e havia prometido a si mesmo que jamais faria algo que a machucasse.
Sabia que a menina possuía sérios problemas familiares e que quase fora tirada de casa pela vara da infância por não ser alimentada pela mãe, em uma das longas viagens que o pai fizera ‘a negócios’. A viúva era um ser muito peculiar que não dava bola para a criança desde o seu nascimento, o que também era um mistério.
Percebendo a aproximação do colega de trabalho, resolveu testar a reação do moço:
- Não vai atrás da sua amiga? Ela deve estar precisando de você. - disse em um tom irônico.
- Kim Jaejoong, se você me perguntou isso para tentar me irritar, você não vai conseguir. Numa hora dessas, ela deve estar totalmente entristecida e pode cometer uma loucura, então eu estou realmente preocupado com ela e você me faria um favor se não falasse nada sobre isso. – disse Xiah em um tom preocupado.
- Se você está tão preocupado com ela, porque simplesmente não vai encontrá-la? Assim pelo menos fica tranquilo. - disse tentando corrigir o pequeno erro cometido.
- Não posso. Eu prometi que só a encontraria se ela me chamasse.
‘Que promessa mais esquisita. Fazer o quê, quem vai entender esses loucos?’
Jaejoong não podia negar, era visível nos olhos do irmão a preocupação. O que será que ele achava que Yume poderia fazer a ponto de deixá-lo maluco daquele jeito?
Essa era uma pergunta que ele queria muito que fosse respondida.
-X-

Assustados, os dois corpos que antes faziam algo, olharam para o que produzira o baque tratando de se separar e se vestir.
-Yume, não é o que você pensa! – tenta se explicar.
- EU VENHO AQUI COM A MAIOR CARA DE PAU PRA CONSOLAR ESSA MULHER E PEGO VOCÊS DESSE JEITO E VOCÊ AINDA TEM CORAGEM DE DIZER QUE NÃO É O QUE EU PENSO!!! VOCÊ ACHA QUE EU SOU RETARDADA?? VOCÊ DEVIA APANHAR SEU RIDICULO, INDESCENTE, SEM NOÇÃO!!! EU TE ODEIO!!!
- Calma, amor, eu te amo. Não faça coisas precipitadas.
-Ah é, agora você ama ela? Seu ... – diz sua mãe, demonstrando irritação por interromper sua atividade.
- Estou falando com você meu xodozinho. Ela não merece ouvir o que você está pensando em dizer. – disse beijando ternamente a ex-sogra.
- SEU ANÍMAR DE TETA³, VOCÊ AINDA É CAPAZ DE FAZER ISSO?
- Não vá, Yume, eu preciso que você me escute. - fala rispidamente Lee.
-ESCUTAR? VOCÊ? ACHA QUE DEPOIS DO QUE EU VI EU VOU QUERER ESCUTAR VOCÊ? EU AMAVA VOCÊ SEU TONGO. É PACABÁ MESMO, VOCÊ ME TIRA DO MEU LUGAR DE PAZ, E FAZ EU ME APAIXONAR POR VOCÊ E DEPOIS ME TROCA PELA MINHA MÃE?? VOCÊ É A PIOR PESSOA DO MUNDO! FIQUE COM A SUA LAIA. SEU... - disse saindo do quarto aos prantos.
- YUME ANAÊ MYENETT! VOLTE AQUI JÁ! – disse Lee, tentando pará-la.
- Deixe-a ir amor, ela já esfria a cabeça! – disse a mãe. ‘Você já não é útil pra mim queridinha. Bye, bye’.
-X-

Rainie Yang estava que era um nervo só.
Depois que a agência fora intimada pelo Chefão das Malvadezas, era uma correria só. O telefone recebido era muito simples e completamente amedrontador:
‘- Querida Yang, você e seus homens estão me observando demais. Se alguém se ferir, não fale que eu não avisei. Ah, diga que a preciosidade de um de seus agentes, está no topo de minha lista.
- Bye, Bye.’
Agora, em muito pouco tempo, teriam que correr atrás da resposta. Como achar aquela preciosidade, já que todos os seus agentes tinham uma? Sim, ele havia conseguido. Havia deixado a Avex de pernas para o ar.
-X-

As lágrimas eram inevitáveis e impossíveis de serem detidas. Seu coração já estava cansado, cansado de perder o amor, cansado de não ter o amor, cansado da vida em si. Ele precisava descansar, precisava achar seu lugar de descanso eterno. Ela não aguentaria outro adeus.
O caminho para o seu apartamento fora sombrio e solitário. Sabia que mesmo se o mundo inteiro se afastasse, mesmo que dissessem que o amor era difícil, ela tinha que procurar um novo porto. Viver sem isso era como não poder respirar, era como alguém sem uma alma.
Sabia, que sua vida nunca fora fácil. Aquelas pessoas que a faziam sofrer sempre estariam ali. ‘Sei que meu coração vai voltar a derramar lágrimas’, era apenas disso que ela tinha certeza.
Ao chegar até a porta de sua casa se surpreendeu: ela estava aberta. No entanto tinha certeza de tê-la fechado antes de sair de casa.
Assustada e com medo, sem saber quem poderia estar a sua espera, pega a vassoura que se encontrava ao lado da porta, dirigindo-se cautelosamente até a sua sala de estar. Havia uma sombra borrada na escuridão.
Curiosa como só ela poderia ser, decidiu chegar mais perto, preparando a vassoura para atacar. Entretanto, antes de fazer qualquer coisa, foi parada por uma voz, aquela que ela desejava com todo o seu ser ouvir novamente:
-Não disse que nos encontraríamos de novo.

Vocabulário:
¹ádvena: estranha;
² tongo: linguagem coloquial da cidade de Ponta Grossa- Pr, o mesmo que idiota, etc;
³ animar de teta: linguagem coloquial da cidade de Ponta Grossa- Pr;



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