6º Capítulo – Brigas e a tal da psicologia reversa
“Por um momento pensei que pudesse estar novamente ao seu
lado.”
- Com licença. – disse
entrando no quarto. – Ué, cadê o Rafa? – sussurrou ao perceber que não havia ninguém
na cama do quarto. Foi quando notou Helena sentada no sofá. Estava com seu
moletom servindo de manta enquanto descansava.
Willian ficou
receoso em acordá-la já que ela parecia como um pequeno anjo enquanto dormia.
Por isso Will apenas sentou-se no braço do sofá e, não conseguindo se aguentar,
começou a acariciar os cabelos da menina. De repente ela abriu os olhos e o olhou
assustada.
- Will?
–sussurrou cansada – Desde quando você está aqui?
- Alguns minutos
só. E o Rafa? – perguntou se levantando.
- Foi fazer
alguns exames. Daqui a pouco ele volta. Se quiser esperar...
- Eu não voltei
aqui para falar com ele. – interrompeu-a.
Após ouvir aquilo
de Will, Helena estremeceu e se cobriu mais com o moletom que estava ali,
embriagando-se ainda mais com aquele cheiro peculiar de canela. Ela permitiu-se
cheirar novamente o moletom. Aquilo fez com que se lembrasse daquele dia na
escada, em que se esbarraram. Aquele cheiro era dele e, ao constatar isso, só
pode corar.
Will olhava
aquilo curioso. De alguma forma ver Helena cheirando seu moletom lhe pareceu
engraçado.
- É seu não é? –
perguntou.
- O que?
- O moletom. –
disse estendendo-o para Will.
- Se estiver com
frio pode usar, depois você me devolve. Contudo, vou precisar disso aqui. –
falou, fazendo com que Helena vestisse o moletom. Assim que terminou de vestir
Will pegou o celular do bolso do moletom e a abraçou fortemente, deixando que o
perfume de ambos se misturasse. – Uma bela mistura, não? Cravo e Canela. –
sussurrou.
O coração de
Helena estava parecendo uma obra em construção de tão rápido que batia. Ela
sabia que estava vermelha e adorava aquela situação. Entretanto ela tinha medo,
não queria que ninguém a visse daquele jeito com Will.
- Não fuja mais
de mim como fez ontem. Você me deixou muito preocupado. – comentou,
complementando. – E conte pra mim tudo o que você pensa, sente e vive.
- Por que Will? –
sussurrou olhando em seus olhos.
- Porque eu quero
te proteger e...
- E o que?
- Eu ainda não
sei, mas quando descobrir eu te conto. – disse brincalhão passando a mão pelos
cabelos da menina.
- Ok, ok – disse
sorrindo. Por mais que estivesse com medo, não pararia Will, independente do
que ele fora fazer ali. Estava em êxtase. Ele parecia à única coisa que existia
no mundo naquele momento. Ele, por um instante, era o seu tudo, o seu tudo que
aquecia seu coração e a fazia voar.
- Não quero que o
meu pequeno anjo se machuque por aí – disse por fim, dando um singelo beijo em
sua testa.
Helena o abraçou
mais forte e encostou sua cabeça em seu ombro. Ficaram assim por alguns
segundos, até que Helena bocejou.
- Cansada?
- Um pouco. –
respondeu sinceramente.
Sem nem ouvir as
reclamações que poderiam vir da menina, Will sentou-se no sofá e a puxou,
fazendo com que ela deitasse em seu colo. Ele afagava lentamente seus cabelos e
encostava, às vezes, carinhosamente em seu rosto. Depois de um tempo Helena
tomou um pouco de coragem e perguntou:
- Me diga o que
quer saber que eu vou te responder.
- Sério? Qualquer
coisa? – questionou achando estranho o ato da menina.
- Uhum.
Will pensou um pouco sobre o que poderia
perguntar. Entretanto a sua maior curiosidade era causada por seu ciúme bobo.
- Você e o Yuri
são? – perguntou um pouco acanhado.
- Amigos. –
respondeu achando graça da pergunta.
- Só isso?
- Sim. Ele e o
meu irmão estudaram juntos desde criança, então ele sempre estava lá em casa.
Acabei me afeiçoando com ele, e ele comigo, e viramos amigos.
- Você não acha
que tem muitos amigos homens? – perguntou ciumento.
- Não, só o Yuri
e o Dan, eu acho.
- Sei, sei. –
comentou fazendo uma careta.
Helena bocejou
novamente, acabaria dormindo ali se Will a deixasse. Estava muito cansada, pois
não havia conseguido dormir direito pela noite.
- Não dormiu bem?
- Não, esse sofá
é muito ruim.
- Ah é?
- Uhum, você é
mais confortável e aconchegante que esse sofá. – comentou, fechando os olhos. –
Posso dormir? – pediu.
- Pode. –
concordou sorrindo.
Will assim que
concordou a envolveu um pouco mais, tentando deixá-la o mais confortável
possível. Enquanto ela lentamente começava a dormir ele tentava entender a
relação que possuíam. Era algo extremamente esquisito do seu ponto de vista,
uma vez que nem parecia que haviam brigado pela manhã. Eles começaram a se
tratar com tanto carinho de um dia para o outro que para ele aquilo parecia
meio que sem explicação.
Fazia 10 minutos
que Helena pegara no sono quando alguém abriu a porta e entrou no quarto. Ao
principio Will não se importou muito pensando que talvez fosse uma enfermeira,
mas repentinamente ele sentiu que estava sendo fuzilado por alguém e decidiu
abrir os olhos. Assim que abriu se surpreendeu. Quem estava ali, a olhar
atônito para ele e Helena, era Danniel.
- Vamos conversar
na saída de emergência. – foi à única coisa que o rapaz disse antes de sair
pisando forte do quarto.
Como Helena já
estava dormindo e Will estava receoso em acordá-la, ele a ajeitou
cuidadosamente no sofá e levantou-se. ‘O
que será que esse cara quer conversar comigo?’, se perguntava. Ambos haviam
se encontrado apenas duas vezes, então qual era o motivo de tal conversa?
“Parece que te conheço desde sempre.”
Assim que Will atravessou a porta da
saída de emergência, sentiu seu corpo cambalear e seu rosto arder. Danniel
havia se aproveitado da situação e havia lhe dado um soco.
- Quem você pensa
que é? – esbravejou Dan, depois de socar Will.
- Eu que te
pergunto isso. Por que me bateu? – contestou Will enquanto se ajeitava e
passava a mão sobre o rosto dolorido.
- Conheço muito
bem o seu tipinho.
- O que? –
questionou Will não entendendo o motivo de ter apanhado.
- Seduz garotas e
depois as abandona. – disse por fim Danniel expressando toda a sua raiva e
frustração para com Will. – Eu não quero ver você perto da Helena novamente –
disse olhando intensamente para o rapaz.
- Quem é você
para decidir isso? Você acha que é quem? – perguntou colérico.
- Eu sou quem a
protege. – disse ríspido.
- E se ela não
precisar mais de sua proteção? – perguntou Will como se fosse algo muito
simples de se responder.
Danniel estava
irritado e com muita raiva de Willian pela pergunta que o mesmo fizera. Não
aguentando mais essa raiva momentânea, que tentava reprimir, tentou dar mais um
soco em Will, mas desta vez o rapaz conseguiu se proteger.
- Por que você
está tão furioso? Você não quer apenas protegê-la não é? – perguntou seriamente
indignado. Como Dan continuou calado completou: - Eu não vou ficar longe da
Helena, independente do que você faça ou diga.
- Você não sabe
nem o que sente...
- Posso não saber
o que sinto, mas e você? E você que sempre soube o que sente, mas nunca teve
coragem de falar?
A pergunta de
Will deixara Dan totalmente sem palavras. Como ele conseguiu ver tanto de seu
coração? Ele sempre ocultara tudo o que sentia, mas Will, um desconhecido,
havia percebido o que havia atrás de todos aqueles anos de amizade.
- Você... –
começou Dan.
- Eu o que? Você
acha que tem algum direito de me julgar? Comece a julgar seus próprios atos
antes de julgar os meus. Você a ama, e sempre a amou.- concluiu, jogando os
fatos sobre Dan, como se ele fosse o promotor e o rapaz o réu.
- Não, você está
enganado. Eu só quero protegê-la. – disse mais para si do que para Will. Não
entregaria seu segredo dessa forma para o seu maior rival.
- Não, você a
quer para si. Isso não é proteção, é posse. – concluiu um tanto quanto
revoltado – Você a quer para sempre ao seu lado, independente de qual seja a
relação de vocês. Você a ama, e a ama muito, mas quanto vale esse amor se
comparado com a sua falta de coragem?
- Cale essa
maldita boca. – pronunciou furioso.
- Por que devo
ficar quieto, se é isso exatamente o que eu vejo? Você é incapaz de dizer que
eu estou errado.
- CALE-SE!! –
gritou exaltado, indo mais uma vez para cima de Will.
“Esse
seu temperamento... Por que não quis ser advogado?” (Comentário MEU)
Rafael entrou no quarto, e percebeu que
a irmã dormia. Achou estranho, pois acabara de ver Will e Dan caminhando até a
sala de emergência. Com o barulho do
entra e sai das enfermeiras e do médico que estavam falando dos exames com
Rafael, Helena por fim acordou, após dormir apenas alguns minutos. Logo
estranhou estar deitada sobre a almofada ao invés do colo de Will. Assim que o
doutor se retirou, ela levantou-se e olhou para o irmão, que retribuiu com um
olhar de curiosidade.
- O que foi? –
perguntou.
- Will esteve
aqui, não é? – perguntou vendo a expressão da irmã. – E Dan também, né?
- Dan? –
perguntou assustada. – O Will eu vi, mas o Dan...
- Acabei de ver
os dois entrando na porta da saída de emergência.
Ao ouvir aquilo o
coração de Helena se exaltou. Ficou preocupada com Will. O que será que Dan
teria visto pra levar o menino até aquele lugar. Não pensou nem duas vezes
antes de sair atrás dos dois.
- Já volto
maninho. – falou saindo correndo do quarto.
Chegando perto da
porta ouviu a voz de Will. Pelo jeito Dan havia dito algo que o deixara brabo,
mas mesmo assim ela não viu naquela frase problema algum. Por que Dan não podia
dizer que Will estava errado?
Foi quando ouviu
a voz de Dan, impassível, irritadiça e cheia de ódio e rancor. Aquele não era o
Dan que conhecera. Temendo por Will, ela entrou naquele lugar.
- CHEGA! – disse
se colocando entre Will e Dan. Mas era tarde demais. Danniel estava com muita
raiva e pronto para dar um soco em Will, que ao perceber a presença da menina a
empurrou para protegê-la, levando assim mais um soco em seu rosto.
Helena não podia
esconder a decepção que sentia por causa de Dan. Nunca havia imaginado que ele
bateria sem ter motivo em alguém. Olhou com raiva para Dan e suavizou o olhar
assim que foi acudir Will, que ficara um pouco atordoado com o segundo soco.
- Will, você está
bem? – perguntou preocupada, passando a mão no rosto machucado do menino.
- Estou bem e
você? – perguntou retribuindo o olhar de preocupação. Ambos estavam com os
nervos à flor da pele por causa da situação, mas mesmo assim podiam sentir o
carinho e zelo dos dois que aquela simples pergunta continha.
- Helena,
desculpe... – sussurrou Dan desesperado, mostrando arrependimento.
- Não peça
desculpas para mim, mas sim para ele. – disse apontando com a cabeça para Will.
- Eu não vou me
desculpar com ele. Ele mereceu. – disse por fim como se fosse uma criança de 5
anos explicando para a professora o motivo da briga com seu coleguinha de
turma.
- Não quero saber
Dan. Quero suas desculpas para com ele agora.
- Me desculpe
Willian. – disse irônico. – Mas saiba que estas desculpas são apenas da boca
pra fora. – completou deixando Helena muito braba.
- Dan?! –
exclamou indignada.
- Deixe quieto
Helena. Acho que é melhor vocês conversarem. – disse paciente demonstrando
preocupação.
- Tem certeza
Willian? É isso que você quer? – disse Dan desdenhando.
- Não é o que eu
quero, mas é o que é necessário. Vou indo Helena, descanse bem para o
acampamento. – disse dando um singelo beijo na testa da menina.
- Obrigado Will.
– sussurrou – Quer o moletom?
- Não. Pode me
devolver no acampamento. - disse já abrindo a porta – Diga ao Rafa que precisei
ir. Tchau Danniel.
- Tchau Willian.
– respondeu secamente.
Helena estava
indignada com o ocorrido. Assim que Will se foi, Lena olhou para Dan com cara
de reprovação. O que eles acharam que estavam fazendo? O que discutiam a ponto
de Dan perder as estribeiras?
- Helena... –
sussurrou Dan tentando arranjar uma desculpa para toda aquela situação.
- Dan, eu não
quero saber o motivo desta briga e não tenho a mínima vontade de tentar descobrir,
mas saiba que a saída de emergência de um hospital não é e nunca será um lugar
para se brigar. – disse demonstrando sua indignação.
- Lena... –
sussurrou, novamente sendo interrompido pela menina.
- Realmente não
quero saber Dan. Só peço que pare de implicar com o Will, por favor. Ele é uma
boa pessoa e sempre está pronto para me ajudar. Não seja tão chato. – concluiu
sentando-se ao pé da escada.
‘Mas esse é o problema Lena, ele é uma boa
pessoa que sempre está pronto para te ajudar. E por estar assim, está mais do
que preparado para conquistar esse seu ingênuo coração’, pensou Dan.
- Lena eu não
quero perder você pra ele. – disse por fim, reunindo toda a coragem que possuía
no momento.
- Por que Dan?
Por que você acha isso? Você sabe que eu sempre estarei ao seu lado, então por
quê?
O silêncio de
Danniel intrigou Lena. Em todos aqueles anos de amizade e companheirismo ele
nunca havia ficado tanto tempo quieto, pensando na melhor forma de respondê-la.
Se ele era um covarde, um inútil e um fraco, era algo que ele só iria descobrir
se tentasse, mas por que algo em seu coração dizia que ele deveria ficar
quieto? Deveria deixar todo aquele sentimento que sempre existiu se extinguir
sem nunca ter sido exposto?
- Dan, entenda...
Às vezes... Certas coisas estão destinadas a acontecer, mas, mesmo que
aconteçam, não quer dizer que nós vamos nos separar. – disse calmamente.
- O que?! –
exclamou indignado – Você acha que é destino você se encontrar com o Will?
Poupe-me Helena, destinos não existem...
- O que vivemos e
achamos que é o destino não é nada mais que a consequência dos nossos próprios
atos. – concluiu Helena, já cansada de ouvir sempre a mesma ladainha por parte
de Dan – Eu sei mais do que ninguém isso Dan, principalmente porque você nega
sempre o que é o destino, mesmo sabendo que eu acredito nisso. Acha que o nosso
encontro é consequência do ato de bêbados ou era pra você passar ali e me
ajudar? – perguntou. – Tinha muitas pessoas que poderiam ter parado para me
ajudar, mas quem parou foi você Dan.
- Lena, isso não
tem nada a ver...
- A culpa não é
minha se você não acredita. Agora, por favor, peço que pare de implicar com o
Will, se ele fez algo não foi por maldade.
- Sem maldade?
Pare de ser tão ingênua Helena! – exclamou, irritado por Helena estar
defendendo Will.
- Pare você de
ser tão exagerado – exclamou fazendo uma careta para o menino – Você é tão
pacífico, por que apelou para a violência? – perguntou suspirando de cansaço.
- Pacífico? Eu? –
disse irônico, sentando-se ao lado de Helena, que riu de sua ironia. Se Dan
fosse sempre pacífico talvez eles nunca tivessem se tornado amigos.
O cansaço da
discussão estava atordoando Helena que se aproveitou do ombro de Dan, apoiando
assim sua cabeça. O ato da menina derrubou todas aquelas barreiras criadas por
causa da discussão. Eles nunca conseguiam discutir por muito tempo, pois sempre
desviavam o assunto, ou acabavam concluindo que a discussão não levaria a lugar
algum, ou ainda acabavam rindo do assunto.
- Inútil de novo,
né? – comentou Lena.
- Sempre –
concordou rindo – Ainda bem que nossas discussões são sempre inúteis.
- Ainda bem –
concordou – Dan...
- Hum.
- Pode me
prometer uma coisa?
- O que?
- Você me promete
que nunca vai me abandonar? – pediu pegando na mão do amigo.
- Prometo. Nunca,
jamais, em hipótese alguma eu te abandonarei. – respondeu olhando profundamente
nos olhos da amiga. – Será que o seu irmão não está preocupado com você?
- É mesmo. Vamos?
- Vamos. Você não
vai falar nada pra ele sobre o que aconteceu aqui, vai? – perguntou receoso.
- Não, o Will é
um dos melhores amigos dele é melhor não comentar o ocorrido. – vendo a cara de
preocupado de Dan, completou: - Você não tem culpa por não saber que eles eram
amigos, aliás, o Will tinha vindo aqui para visitá-lo.
- Eu devia ter
pedido desculpas sinceras para o Willian. – falou arrependido, quando estavam
para entrar no quarto.
Rafael assim que
viu a irmã suspirou aliviado e olhou para ela com uma expressão divertida.
Porém assim que notou que Will não estava junto estranhou.
- Ué? Cadê o
Will?
- Precisou ir
maninho. E o que o médico disse pra você? – perguntou, desviando-se rapidamente
do assunto.
Enquanto
conversavam, Helena não pode deixar de notar o olhar triste de Dan. Mesmo que ele
tivesse prometido que nunca a abandonaria, algo em seu coração dizia que os
dois não ficariam juntos por muito mais tempo.
“ Por que você não disse que tudo era uma
mentira?”
Will estava muito ansioso e nervoso. Não
sabia se tinha feito o certo ao deixar Helena e Dan sozinhos depois de toda
aquela discussão. Por mais que
soubesse que Dan nada falaria, ainda se sentia preocupado com o que ele pudesse
fazer. ‘Os atos são mais preocupantes que
as palavras em momentos como este’, pensou.
Entrou lentamente
em casa, para não chamar a atenção de Kingone, independente de onde ele
estivesse, e foi até o banheiro. Lavou demoradamente o rosto tentando tirar ali
todas as preocupações que habitavam sua mente e coração. Olhou-se no espelho e
percebeu quanto seu rosto estava vermelho, se tivesse sorte não ficaria roxo.
Kingone entrou
avoado no banheiro e exclamou indignado ao ver o rosto do amigo. O que ele
fizera para Helena para que seu rosto ficasse daquele jeito?
- Nossa, mas como
a Helena é nervosa!! – exclamou após olhar a região machucada do rosto do
amigo.
- Não foi a Lena.
– disse Will fazendo caretas de dor.
- Não foi? Então
foi o Rafa?
- Não também.
- Foi quem então?
– perguntou cheio de curiosidade.
Will olhou para o
amigo e suspirou de pesar. Ele não sabia como explicar o seu infortúnio.
- Foi o Dan.
- Dan? De
Engenharia Eletrônica? Aquele cara que está sempre com a Helena?
- Uhum. Esse
mesmo.
- Mas, então, o
que vocês dois... Digo, você e a Helena estavam fazendo para que ele te batesse
assim?
- Nada. Apenas
disse algo que o irritou. A Helena na verdade pegou no sono deitada no meu colo
e não viu quando o menino lá chegou. Ele ficou nervosinho do nada e me chamou
para conversar com ele na saída de emergência.
- Ai, você falou
poucas e boas para ele e ele te bateu. – deduziu Kin.
- Na verdade ele
falou as poucas e eu falei as boas.
- E as boas que
você falou foram suficientes para levar um soco.
- Na verdade
foram dois.
- O.o Dois socos?
Tá vivendo em que mundo Willian para conseguir nem se defender?
- Em nenhum. Cara
louco, quase bateu na Helena. – disse saindo do banheiro, sendo seguido pelo
amigo.
- Quase bateu?
- É, cara sem
noção, veio para me dar um soco, mas a Lena entrou na frente, se eu não tivesse
a empurrado, e levado o soco, ele teria acertado ela.
- E isso é um dos
motivos que te preocupa. – concluiu Kin.
- Ãh? – perguntou
confuso.
- Certamente
deixou os dois lá no hospital conversando e isto te preocupa. Você não sabe
qual será a ação de Helena em relação ao ocorrido. – simplificou.
- Só que eu sei
que ela o perdoará. Eles têm um forte laço de amizade Kin, não será uma briga
dele comigo que vai separá-los. Eu também não desejo isso. Dan é um grande amigo
para a Helena e não quero que ela o perca por causa de mim. – disse
sinceramente.
- Bem pensado
Will. Você se importa com ela mais do que pensa e isso é bom.
- Tem certeza
Kin? Temo que por causa dele eu não consiga estar com ela.
- Não seja assim
Will. Olhe...
- Olhe você.
Kingone você me confundiu dizendo primeiro que eu estava apaixonado por ela,
depois que era apenas desejo. Só que hoje, quando a vi no quarto do Rafa sem
saber que ela era irmã dele eu simplesmente pirei, fiquei possessivo, ciumento
e me senti traído. Isso não é apenas desejo Kingone, sei que é algo muito mais
forte. – disse ao amigo, não conseguindo conter tudo o que sentia.
- Psicologia
reversa. – sussurrou Kin.
- O que?
- Psicologia
reversa, sempre ajuda quem não entende o que sente. Na verdade, Will, quero que
você me desculpe. – pediu.
- Por quê?
- Porque, assim
como você, não sabia se o que você sentia era verdadeiro. Cara, entenda, você é
um playboyzinho, e sempre teve tudo o que quis. Quando percebi que você estava
sem jeito por causa da Helena eu quis te testar.
- O QUE?
- Eu quis te
testar Willian. A Helena é uma menina muito doce, boa e um pouco ingênua, se o
que você sente por ela não fosse verdadeiro eu já o teria afastado dela. Não
deixaria um cara como você destruir o pequeno mundo dela.
Will estava
calado. Então toda aquela conversa de Kingone, desde o começo, era apenas uma
forma de confirmar mais o que ele sentia por Helena, para que assim ele não a
machucasse? Por mais que se sentisse traído sabia que não valia a pena discutir
as experiências psicológicas do amigo que eram aplicadas nele. Não se sentia
brabo, pois sabia que Kin fizera aquilo com a melhor das intenções, ou seja,
apenas para não machucar Helena.
Se era ou não a
tal da psicologia reversa não importava no momento, o que ele precisava era
reorganizar o seu coração. Pensando bem, como ele e Helena realmente se conheceram,
se eles deveriam esquecer aquele primeiro contato desastrado?
Calado Kingone
apenas observava a expressão do amigo mudar aos poucos. Will parecia um
espantalho, extremamente cansado, tentando em vão espantar pensamentos de corvo
de sua mente. Querendo ou não ele deveria achar uma luz naquele túnel sem fim.
- Kin, você me
consideraria um louco se eu te dissesse que preciso da Helena, mais do que
tudo, mesmo não a conhecendo direito? – perguntou Will seriamente.
- Willian, desde
que você esteja feliz não importa o que eu ache. – comentou sorridente.
- Credo, você
falou igualzinho a minha mãe. – comentou, dando uma leve risada. – Vamos sair?
Esfriar um pouco a cabeça?
- Quer ir aonde
rapaz?
- No vizinho. –
disse gargalhando – Anthony que nos espere.
- Então vamos lá.
– concordou Kingone, já indo em direção à porta. A noite, pelo jeito, prometia
ser divertida.
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