domingo, 9 de janeiro de 2011

Conto V - Acidentalmente Apaixonado

Tem alguém aqui devendo contos para até o dia 19, não é?

Então vamos as explicações ....

Estou com todos pela metade, porque ....

PORQUE NÃO CONSEGUI DEIXÁ-LOS ENXUTOS!!

Isso mesmo,

Não consegui fazer eles curtos por isso postarei pela metade, ok?

Postarei todos devagar, até o dia 19, ok? Tentarei terminar, não prometo nada.

Sem mais delongas com vocês....

Acidentalmente Apaixonado

-O QUE? CASAR? - Laranjinha, como era mais conhecido pelos amigos, berrou ao receber a resposta de seu pai. Casamento? Ele não precisava daquilo, já havia deixado bem claro aos pais dias antes que se fosse casar faria isso com a pessoa que ele amava, mas não amando ninguém como ficaria essa história?

Seus pais estavam ficando velhos, o que era um fato certo, mas isso não o levaria a se casar desesperadamente só porque sua mãe, com apenas 42 anos, e seu pai, com 45, queriam desesperadamente um neto. “Oh, ajude-me Santa Evirêtia!”, pensou, ao constatar que não conseguiria tirar essa ideia de casamento arranjado da cabeça dos pais.

- Amor, por favor, faça isso por nós! – implorou sua mãe desesperadamente. – A Layla é linda, rica e poderosa, vai ser uma ótima nora para nós.

Layla Sturtrek era uma nojentinha, mimadinha, filha duma mãe muito mal educada e que certamente seria uma péssima esposa para ele. Será que na realidade os pais dele não queriam dar o golpe do baú? Na verdade isso não era preciso. Seus pais eram os empresários “do ano”, então será que eles queriam mesmo apenas ganhar um neto, ou então aumentar o império?

-Não! Eu já havia deixado bem claro que eu não me casaria com qualquer uma que vocês escolhessem para mim. Poxa eu quero fazer as escolhas da minha vida. Eu quero me apaixonar, viver uma aventura inesquecível.

-Pois viva está aventura na sua próxima vida. – respondeu-lhe sua mãe.

Laranja saiu em disparada para o seu quarto não queria mais discutir com os seus pais. Precisava desabafar, será que Kuro o aceitaria? Kuro era o seu amigo de infância que vivia em uma pequena cidade perto de um rio. O lugar era lindo, havia lá uma floresta e uma montanha que faziam um belo contraste com o rio, era o lugar perfeito pra deixar a cabeça esfriar.

Sua mãe, teimosa como qualquer outra, subiu atrás dele. Onde já se viu um filho tratar os pais daquela forma? Ela não se importava nem um pouquinho com as idéias daquele filho desleixado, faria com que ele fizesse o que ela queria.

-Escuta aqui Laranja, você acha que se livrou? Pois preste bem atenção, - disse sua mãe- você vai se casar com Layla querendo ou não. O casamento já foi marcado para o dia 31 de dezembro. Entendeu?

- Mãe, eu, Laranjinha, não irei me casar com a Layla Sturtrek nem que vaca tussa e o boi de leite e mie, ok? – gritou em resposta de seu quarto.

- Você vai ter uma semana para decidir isso, ok? Se quiser espairecer as ideias na casa de um amigo, tudo bem. Entretanto se no dia 31 você não aparecer para o casamento, saiba que você não será mais meu filho. – disse por fim seu pai.

(Por que será que às vezes os pais são tão dramáticos?)

Ops, agora ele segurava uma bomba em suas mãos. Talvez Kuro não se importasse de dividi-la com ele. É era hora de fazer uma visitinha.

- Oi Hana – cumprimentou-a Kuro gentilmente – precisa de ajuda com isso?

Hana (esta parte foi a Aika que “desenvolveu” então a culpa não é minha se ela fez a minha vida muito trágica) era a única sobrevivente da família Usagi. Quando a pequena tinha apenas três anos de idade ela, seus pais, Kingone e Yue, e seus irmãos Aika e Taemin, sofreram um grave acidente de carro quando estavam indo visitar a avó, Keiko. Como apenas ela sobrevivera, Hana passou o resto de sua vida morando com a avó, ajudando-a em sua pousada.

-Oi Kuro! – cumprimentou-o sorridente - não precisa não, mas obrigado mesmo assim.

-Hana, se você fizer assim vou acabar me apaixonando mais por você – disse Kuro, sem jeito.

-Assim como? – perguntou.

- Esse seu sorriso. Para mim ele é muito, mas bonito que o sol. Ah, se fosse ele que me acordasse todas as manhãs. – respondeu-a sonhador.

Eram assim quase todos os dias. Hana ia fazer compras, Kuro também. Ela saia do mercado, ele também. Ele perguntava a ela se precisava de ajuda ou se queria uma carona. Ela respondia que não, estava de carro e as compras nem eram tanto assim. Por três anos os cidadãos da pequena cidadezinha de Kawa Aoi viam aquela cena e se derretia com as frases de Kuro. O que os dois não sabiam era da aposta que corria na cidade.

-Hana, hoje você tem alguma novidade?

- Kurozinho, não tenho nenhuma, só a vovó que pegou um resfriadinho de novo.

- Mande melhoras a ela.

- Ok. E você, não tem nenhuma novidade? – perguntou.

- Tenho. Um amigo meu que não vejo há muito tempo decidiu vim me visitar. Vai ficar por uma semana aqui. Você quer me ajudar a “arrumar” a minha bagunça?

- Tudo bem, eu ajudo- concordou. - Vocês devem ter muito que conversar já que não se vêem há tanto tempo. – concluiu.

- Sim e não. – disse com uma expressão de preocupação.

- Ué Kuro, o que foi?- perguntou colocando a mão no rosto do amigo, fazendo-o ficar rubro – Você sabe que eu não gosto dessa sua expressão de preocupado.

- Sabe o que é florzinha, é que ele tem um grande quebra-cabeça para resolver em apenas uma semana.

- Então ele precisa de sua ajuda para resolvê-lo? – perguntou ainda não entendendo.

- Pequena acho que ele apenas precisa esclarecer os fatos para tomar a decisão certa.

- Hum, mas que fatos?

- A mãe doida dele quer que ele se case com uma menina que ele não suporta e que ele não ama. Se isso tivesse acontecido comigo acho que eu teria enlouquecido.

- Coitado. Pensei que ninguém mais fizesse casamentos arranjados nesta Era. - disse Hana, pegando nas mãos de Kuro suavemente – Kuro, você me promete uma coisa?

- Dependendo do que for.

- Você me promete que vai fazer de tudo para ajudar esse seu amigo a encontrar a verdadeira felicidade? – perguntou olhando profundamente nos olhos do rapaz.

- Sim, Hana. Prometo. – “Essa menina sempre pensa primeiro nos outros”, pensou.

- Então, já que você me deu sua palavra, agora me deixe ir. A vovó deve estar me esperando.

- Ok, ok. Mas antes você tem que me dar um beijinho. –exigiu Kuro fazendo beiço.

- Venha aqui. – dizendo isso dá um pequeno beijo na bochecha do moço – Agora me deixe ir e vá. Daqui a pouco apareço na sua casa, ok?

- Sim, sim. Até Haninha.

- Até Kuro. Se cuide.

Kuro viu o carro de Hana se afastar lentamente do mercado. Ele havia se mudado para a cidadezinha há apenas três anos por causa do trabalho como publicitário e morava perto da floresta. Hana, por sua vez, era muito privilegiada, pois morava dentro da floresta, as margens do Rio Azul. Entrando em seu carro, deixou-se pensar em apenas uma coisa: sim, ele AMAVA aquele emprego.

-Kuro, quanto tempo! – disse sorridente Laranjinha – Só não esperava te encontrar nestas circunstancias. – desabafou.

Kuro e Laranjinha eram amigos desde o jardim de infância, haviam apenas se separado na faculdade, quando Kuro decidiu fazer publicidade e propaganda e Laranjinha, o pai dele na verdade, tinha optado por administração.

Laranjinha observava a casa de Kuro aos mínimos detalhes. Seu sonho sempre fora de ser arquiteto, mas o destino sempre pregou peças para com ele. Será que o casamento era mais uma delas?

A casa de Kuro era uma simples cabana de dois andares. No primeiro andar havia uma aconchegante sala, uma pequena, mas simpática cozinha e uma sala de estudos ou de trabalho, cheia de livros. Já no segundo andar havia duas grandes e delicadas suítes. Tudo estava em ordem como se uma mão feminina tivesse passado por ali.

- Kuro, você se casou? – perguntou.

- Não, por quê?

- Você tem alguma namorada?

- Também não. – “Ué, o que deu nesse menino de fazer perguntas estranhas de uma hora para outra?”, pensou receoso.

- Kuro, você virou gay? – perguntou por fim.

- Não Laranjinha! O que foi isso está me estranhando?

- Não, não. Não me leve a mal, mas isso está me parecendo algo muito organizado. Como se uma mulher tivesse passado por aqui. – disse por fim.

- E passou. Você hein, tem cada ideia. – concluiu- A pequena Hana, minha vizinha, me ajudou arrumar o barraco, mas ela já foi, a avó dela está um pouco doente.

- Hum.

- Agora me responda, prefere descansar ou desabafar? – perguntou.

- Desabafar parece ser o melhor para fazer no momento. – disse Laranjinha sem expressão alguma.

Na hora que decorreu, Laranjinha contou a Kuro toda a sua vida após a faculdade, e todos os seus problemas que iam desde o casamento a infelicidade com a sua profissão. Quando conseguiu encerrar o monologo, Kuro opinou sobre alguns assuntos, mas segundo ele sobre o casamento apenas Laran poderia resolver.

- Kuro, você não tem nenhuma ideia? – perguntou Laranjinha esperando uma resposta positiva.

- Infelizmente não Laran, mas talvez Hana tenha.

- Hana?

- É a vizinha que me ajudou a arrumar a casa – relembrou-o.

- Ah, mas ela...

A frase mal conseguiu ser terminada, pois o telefone começou a tocar e foi prontamente atendido por Kuro. Conversa vai, conversa vem, Kuro por fim desligou o telefone e olhou desesperado para o amigo.

- Laran, estamos com um problema. – disse por fim.

- O que foi?

- Meu chefe disse que escolheram a minha ideia para um comercial de uma empresa da capital.

- Isso é importante para você, não é? – perguntou Laranjinha.

- É sim. Meu nome pode ser conhecido por todas as empresas e eu posso conseguir o dinheiro que necessito para abrir a minha própria agencia.

- O que você está esperando para ir, então?- perguntou Laranjinha.

- Mas e você, eu não posso deixá-lo sozinho aqui. – disse.

- Só pode, como vai. Eu sei me virar Kuro, além do mais eu preciso ficar um pouco sozinho. Tudo bem se eu usar sua casa como uma pousada? – perguntou sorrindo para o moço.

- Laranjinha, você não existe. As pessoas dizem que você é introvertido e tímido, mas isso é porque elas não conseguem ver a sua capacidade. – disse Kuro – Voltarei no dia 30.

- Até lá eu penso em algo para dizer a minha mãe. – disse Laranjinha – Obrigado por suas palavras, meu amigo.

- Laranjinha se precisar de algo ligue para esse número – explicou lhe entregando um papel – Esse é o telefone da casa da Hana. Ela é arquiteta talvez vocês se dêem bem. Se precisar de algo urgente ligue pra ela, ou vá até a sua casa.

- Ok, Kuro. Cuidarei bem da sua casa.

- Quero que você se cuide. Ok? – disse indo preparar a sua mala.

- Espero poder me cuidar – sussurrou Laranjinha olhando para o sol que estava se pondo.

Após a saída de Kuro, Laranjinha sentiu-se repentinamente sozinho. “Uma caminhada iria bem agora, não?”, pensou decido. Pegando uma lanterna, trancou rapidamente a casa e saiu para noite afora. Queria pensar, e explorar aquela floresta naquele horário com a Lua a brilhar no céu lhe parecu uma boa ideia. Queria mesmo era encontrar as respostas para os seus infinitos problemas.

“Meu coração dói apenas ao pensar em aceitar o que minha mãe quer. Como será minha vida daqui alguns anos? Serei um homem infeliz que não conseguiu realizar seus sonhos, decerto nem um homem serei. Serei um projeto de ser humano que viveu a vida obedecendo as ordens de seus pais e eu nunca soube dizer não.

Poxa, eu quero me apaixonar e construir uma família. Eu quero descobrir o que é o amor. Custa caro esperar por netos? Eu quero viver essa minha vida que resta com alguém que eu ame. Eu quero isso, eu desejo isso.”

Pensando assim Laranjinha nem percebeu o barranco que se encontrava à sua frente e simplesmente se jogou para um caminho que ele nem esperava que existisse.

-AHHHHH!!!! – o som ecoou pela floresta e bateu com tudo na janela de Hana que levantou assustada e foi correndo ver a sua avó. Será que ela havia caído das escadas? Mas o que ela fazia ali em cima se por causa de sua idade Hana estava adaptando o andar de cima e deixara Keiko vivendo embaixo?

-Vovó! Vovó! Tudo bem? – perguntou preocupada.

- Tudo sim minha neta. Mas o que foi?- perguntou a avó que estava tricotando sentada em sua cadeira de balanço.

- Não foi você que gritou? – perguntou.

-Não minha neta. Não fui eu. – respondeu.

- Então quem foi? – perguntou a neta assim que se lembrou de Kuro. – Vó eu acho que terei que ir lá fora ver o que houve. Se algo acontecer eu aponto a lanterna 4 vezes para a porta (que era de vidro) daí você chama o Adryan, ok?

- Ok.

Hana tomada por uma adrenalina nascida do nada pegou a lanterna, a caixa de primeiros socorros e rumou porta afora para procurar a origem do grito. Será que fora algum aventureiro que caiu no barranco que descia para a sua casa?

Seguindo esses instintos, Hana rumou cuidadosamente até o barranco íngreme que rondava a sua casa e surpreendeu ao ver que ali se encontrava alguém, totalmente sujo e completamente machucado.

- Oh Meu Deus! Santa Evirêtia, me ajude! – pediu Hana se deixando levar pelo barranco.

Ali, naquela lama que o chuvisco formava, se encontrava um homem.

- Você está bem? – perguntou Hana, tocando no corpo do moço. Virando com dificuldades o corpo dele, notou o grande machucado que se formara na testa do pequeno ser que ali se encontrava. De repente ela percebeu que vagarosamente o rapaz abria os seus olhos e a mirara com um brilho inesperado.

- Você está bem? – perguntou novamente Hana ajudando-o a sentar-se – Não, não toque ai – repreendeu quando ele tentou pegar no machucado – Deixe-me desinfetar antes. – pediu.

-Uhum.– concordou pacientemente.

Hana limpou cuidadosamente os machucados do rapaz esperando que ele respondesse as inúmeras perguntas que rondavam a sua mente. Como ele não abriu a boca para dizer nem um piu ela decidiu então começar aos questionamentos.

- Como é o seu nome?

- Meu nome?

- É. O meu é Hana e o seu? – perguntou novamente.

- Meu nome? Eu não sei.

Ops, o que era aquilo? Ele não sabe o próprio nome? Será que... Não, não podia ser verdade. Será que aquele ali não era o amigo de Kuro? O jeito era perguntar mesmo.

- Você é amigo do Kuro? – perguntou Hana.

- Kuro, quem é Kuro? – perguntou o rapaz sentindo-se levemente tonto.

Essa não, qual agora era a bomba que estava nas mãos da Haninha? Será que o rapaz havia perdido a memória?

Hana, com um pouco de dificuldade conseguiu levar o rapaz até a sua casa. Teria agora que saber qual era a identidade deste lindo individuo. Quando estava limpando os machucados do moço ela percebera o quanto os olhos deles eram extremamente marcantes, como diriam, seus traços eram tão fortes que nunca poderiam ser esquecidos.

- Adryan! – chamou – Adryan! Pode me ajudar aqui?

- Estou indo Hana.

Adryan era o protegido de sua avó. Tinha 25 anos e cuidava da pousada de Keiko, que estava um pouco movimentado por causa do fim de ano. Na realidade Adryan era o sucessor de sua avó nos negócios, filho da empregada e do jardineiro, e que era o xodozinho de sua avó.

Adryan ao olhar aquela cena estranhou. Como alguém entenderia? Hana estava encharcada e cheia de lama dos pés a cabeça e trazia apoiado em seus ombros um cara com um baita ferimento na cabeça e que aparentava ter machucado o braço.

-Deixe-me te ajudar com ele.- disse Adryan, tomando os braços do mancebo. – Onde você o encontrou? – perguntou enquanto entravam na casa.

- Oh, Meu Deus, o que houve? – exclamou Keiko.

- Vovó ele estava caído perto daqui. Acho que saiu para andar e não viu o barranco. – disse Hana, indo pegar uma toalha para ela e para o moço.

- Hana – chamou sua avó, seguindo-a até a lavanderia – Esse moço é muito bonito não? Ele não disse quem é? – perguntou curiosa.

A lavanderia era pequena e escura, mas mesmo assim Hana conseguiu enxergar naqueles profundos olhos castanhos de sua avó a curiosidade. Talvez tivesse que fazer uma ligação para um ursinho de pelúcia. Quem era aquele sujeito? Talvez só Kuro pudesse lhe responder.

De volta à sala, Adryan conversava com o rapaz sobre assuntos diversos, economia, artes, literatura, novelas, entre tantas outras coisas. Entretanto ainda assim ele não havia dito seu nome, o que deixava Adryan preocupado. Será que ele era um louco?

- Adryan, você pode ligar para o Kuro pra mim? – pediu Hana entregando uma toalha ao estrangeiro.

- Ok. Mas, posso saber por quê?

- Acho que sei quem esse rapaz é.

Kuro fazia um check-in no hotel quando foi surpreendido por uma ligação. Nunca, em hipótese alguma, Hana havia ligado para ele. Será que algo teria acontecido?

- Alô, Hana?

- Não é o Adryan. – respondeu deixando um Kuro muito desapontado – Mas a Hana já vem falar com você, ela só me pediu para ligar. – esclareceu.

-Ah.

- Oi Kuro. –disse Hana.

- Olá florzinha. O que houve? – perguntou preocupado.

- Você está em casa?

- Não. Lembra-se daquele projeto que eu fiz e que se fosse aceito abriria muitas possibilidades em minha vida?

- Uhum.

- Ele foi aceito e tive que vir para a capital. Mas por que você quer saber se estou em casa?

- Como é o seu amigo? – perguntou.

- De aparência?

- É.

- O Laranjinha é japonês. Têm olhos e cabelos castanhos, sua pele é um moreno bem claro. É apenas um pouco mais alto que você. Tem uma feição e traços muito fortes o que torna sua imagem inesquecível. Por que quer saber?

- Kuro... – “Será que conto? É a chance da vida dele, é a realização do seu sonho, e eu não vou estragar isso”, pensou Hana – Por nada não. Só pra saber.

- Ei moleca, não me esconda nada, ok? – disse Kuro estranhando o jeito da amada.

- Ok. Não estou lhe escondendo nada. – “Só estou omitindo fatos”- Quando é que você volta?

- Dia 30.

- Certo. Parabéns pela sua conquista. Estou torcendo por você.

- Obrigado Hana.

- Agora preciso desligar, Adryan está precisando de ajuda.

- Ok. Se cuida. Já estou com saudades.

- Se cuide também. Tchau.

- Tchau.

Ali, parado em frente ao saguão do hotel, Kuro começou a pensar sobre o que levaria Hana a fazer aquele tipo de pergunta a ele. Será que Laran estava com problemas?

- Ok, ok. – sussurrou Hana para si.

- O que foi? Conseguiu descobrir? – perguntou Adryan curioso.

O estrangeiro olhava de Hana para Adryan, de Adryan para Keiko, tentando entender a sua situação. Por Deus, por que ele estava se sentindo tão vazio, como se uma parte dele tivesse sido arrancada sem dó nem piedade?

Hana lentamente se aproximou dele e tocou sua mão. O que será que ela faria com ele? Na realidade aos seus olhos ela se parecia com um anjo que apareceu no momento certo de sua vida para lhe dar uma mão. Será que ela teria as respostas para as suas perguntas?

- Então, qual é meu nome? – perguntou receoso e confuso.

- Seu nome, eu não descobri. Mas...

- Mas...

- Seu apelido é Laranjinha. –disse Hana por fim.

- Laranjinha?

-É.

- É muito comprido. Me chame de Lala, ok?

- Ok. –“Nossa que cara direto” – Eu sou a Hana, esse é o Adryan e essa é a minha avó, Keiko. – apresentou-os.

- Olá. Hana?

- Hum.

- Você sabe por que estou aqui? – perguntou ansioso pela resposta.

- Bom, pra descobrir isso temos que esperar por Kuro. – disse olhando para a cara de desanimado de Lala – Mas eu me lembro dele dizer que você ficaria aqui por uma semana para decidir se casaria ou não com uma moça.

- Casar? Eu? – perguntou confuso.

- É. Casamento arranjado, sua mãe quer netos. – explicou.

Nossa! Será que a família dele o amava tanto a ponto de fazê-lo se casar com qualquer uma? Será que eles não sabiam o que era o amor? A palavra paixão não estava no vocabulário deles?

- Só isso que a senhorita sabe? – perguntou novamente.

-Me chame de você, certo? E infelizmente apenas sei isso.

- Este tal de Kuro vai demorar a voltar?

- Voltará daqui seis dias. Consegue aguentar?

- Acho que sim.

-Minha filha – disse Keiko entrando na sala – leve-o até o seu quarto. Ele precisa de um banho e de um descanso.

-Sim, vó.

Hana acomodou Lala em seu quarto. Usando as roupas de Adryan, Laranjinha, após um delicioso e quente banho, observou calmamente o ambiente. O quarto da menina possui uma cama de solteiro, um guarda-roupa, uma mesinha de estudo entupida de projetos e mais projetos, plantas de casas, entre outras coisas. Entretanto o que deixou mais intrigado foi à quantia de ursinhos de pelúcia presentes no quarto.

- TOC, TOC. Posso entrar? – pergunta Hana

- Uhum.

- Está melhor?

- Minha cabeça dói um pouco.

- Você começou a se lembrar de alguma coisa? – perguntou enquanto tirava uma muda de roupa do guarda roupa.

- Não. Você é arquiteta?

- Uhum. Adoro o meu trabalho. É tão divertido. – disse sorrindo.

- Posso te perguntar uma coisa?

- Pode.

- Por que os ursinhos de pelúcia?

Por que todo mundo que entrava no quarto dela fazia a mesma pergunta? Ora, como se nunca tivessem tido ursinhos de pelúcia na vida.

- Te ofendi com a pergunta? – preocupou-se Lala.

- Não. Só estava pensando porque a maioria das pessoas que entra aqui pergunta isso.

- É que não é comum ver um quarto cheio deles.

- É já me disseram isso, mas como meus pais morreram quando eu era pequena eles me ajudaram muito.

- Os ursinhos?

- Uhum. Segundo Gustav Severin: “Para as crianças, um ursinho de pelúcia é como um anjo da guarda com um casaco peludo, cuja presença é essencial mesmo quando estão dormindo. Elas não se importam se o urso perde os pelos e fica em um estado lastimável, muito pelo contrário: pelagem gasta, remendos e outros sinais de velhice servem apenas para aumentar seu charme e fortalecer seus laços interiores”. Por isso guardo todos os meus ursinhos de pelúcia.

- Nossa! Mas, desculpe, ainda não entendi.

- Bom, - disse Hana pegando um ursinho branco com um coração – quando se tem um ursinho de pelúcia podemos entrar em um mundo sem regras, sem ordens e, acima de tudo, com um amigo compreensivo que está sempre ao nosso lado.

- Peraí, então você os guarda porque considera todos como seus amigos?

- Sim. Parece doído, mas para alguém que já foi muito solitária na vida, um ursinho de pelúcia pode concertar tudo. Se estiver mal, e não conseguir dormir pode pegar um, te emprestarei um dos meus amigos para te consolar, ok?

- Entendido. – disse olhando nos olhos de Hana.

- Se estiver com fome pode ir à cozinha.

- Qual é a cozinha?

- Aquele lugar que minha avó saiu mandando eu te trazer para cá, se lembra?

- Uhum.

- Deixamos comida em cima da mesa para você. Pode descer a hora que quiser. Agora vou-me. Boa noite Lala. – disse saindo do quarto.

- Boa noite Hana.

Sozinho ali, sentado naquela macia cama, Laranjinha deixou-se tomar por aquele sentimento de carinho que Hana sentia pelos ursinhos de pelúcia. Pegando aquele que a pouco a moça segurava, se acomodou debaixo das cobertas.

“Talvez, pequeno, você possa me ajudar a encontrar as respostas que necessito”, pensou, entrando em um sono profundo que nem o som de um berrante poderia o acordar.

E agora? O que acontecera com Lala? Hana o levara no médico? Kuro não descobrira do desaparecimento do amigo?

Continuação daqui a alguns dias só aqui no F9.

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