- Sim – disse largando suas mãos. Por um momento olhei longamente para seu rosto e tentei gravar na memória todos os mínimos detalhes que possuíam ali.
Sai correndo com todas as minhas forças e detive a passagem dos cinco. Ele por sua vez já estava em sua forma de anjo, olhando com rancor para os restantes homens que o rodeavam.
- Ora, ora. Parece que finalmente se ajeitou com a “Dona Flor”. – zombou um deles.
- Isso não é da sua conta. Não se intrometa.
- Como se você me desse medo! – disse tentando irrita-lo – Me responda uma coisa. O que você faria se inesperadamente tivesse que viver sem ela?
- Seu canalha. Nem pense em fazer nada com ela. Venha, me mostre se é verdadeiramente um homem.
A partir de então, me lembro de apenas vagamente dos acontecimentos, uma pequena grande luta começou a ser travada, contudo se podia dizer que quem estava em pior situação era ele. Quinze contra um era muito mais do que covardia. Inesperadamente ele caiu no chão totalmente ensanguentado. Meu coração apertou-se dolorosamente. Ele era chutado, socavam-no, mas mesmo assim continuava em pé, muito perto da queda da água.
Ele olhou de longe me meus olhos, que mesmo lutando apenas se concentravam nele. O Homem olhou-nos e com expressão de diversão e contentamento cravou fortemente uma faca no peito de meu amado, que sentindo muita dor começou a caminhar para trás, não percebendo a cachoeira. Eu estava perdendo o amor de minha vida.
- NÃO. -desesperadamente.
Eu não conseguia acreditar que ele se fora. Ele que prometera ficar comigo para toda a eternidade. Agora eu estava ali, sozinha, sem ter ele ao meu lado, sem ter a fonte de força e coragem. Nunca havia experimentado tal sentimento.
Quando se perde alguém você começa a se perguntar o porquê da sua existência. Simplesmente a vontade morrer é maior do que a necessidade de saber isto. Se eu pudesse ter morrido naquele momento com certeza não reclamaria, talvez até agradecesse.
De repente, vi-me cercada pelos 20 homens, que riam intensamente de minha desgraça. Mas alguém ali não demostrava contentamento pelo ocorrido.
- Vamos, não vale a pena mata-la. Ela morrera com o tempo de tanto remorso. – disse o chefe retirando-se com os outros.
Eu estava acabada. Meu mundo se tornara escuro. Espera aí, o que o Kuro estava fazendo ali? Isso não importava. Naquela escuridão comecei a me lembrar do passado, da primeira vez que o vira:
Era um final de tarde normal. Estava saindo do trabalho. Havia acabado de apostar com Aika que se eu visse uma pessoa sorrindo deveria dar a esta uma bala. Quando estava por sair do mercado, onde trabalhava, deparei-me com ele, segurando um telefone, sorrindo e estendendo sua mão para mim. Parecia uma cena de Dorama. Como prometido dei-lhe a bala sem explicar nada e sai para a rua.
Naquele horário conseguir pegar ônibus era um total milagre e o orfanato era um pouquinho longe para voltar a pé. Esperando no ponto encontrava-me um tanto quanto avoada e não percebi o que estava ocorrendo ao meu redor. Em questão de segundos, alguém se jogara sobre mim gritando CUIDADO, me protegendo. Era ele, salvando-me de um terrível acidente de carro.
Se não fosse a aposta que fizera, se não fosse o acidente, se eu não tivesse teimado em pegar um ônibus, nada disto teria acontecido, a nossa história não teria se encontrado.
Sentindo muito pesar pelas escolhas que fizera, chorei intensamente olhando para onde, antes, estava a alma apaixonada e encantadora do meu amor eterno. Fiquei ali esperando. Esperando que o vento levasse lentamente os fragmentos do meu coração, esperando acordar daquele pesadelo que tomava conta de minha alma e deixava-me atordoada e com medo. Afinal, quem ama sofre.
Bjosss
da Hana que está transtornada mentalmente (com muito sono)
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