Olá pessoal?
O que acharam das postagens da Aika? (Eu, sinceramente, por considerar isso um milagre de outro mundo – ela ter postado - achei d+).
Sobre o Tanabata Matsuri virá uma postagem mais para frente uma vez que quero fazer uma em conjunto, com a Bianca, a Nagyla e a Lorena (que foram*-*).
(Tô no pc da minha mãe! Eu odeio o teclado dela, é muito duro!)
Bom, mas vamos ao que interessa...
Estava muito parada no quesito livros e decidi pegar um do Vinicius lá na UTF. Emprestei Para viver um grande amor, mas como tinha japonês, tarefa de química, tinha que lavar o cabelo e secar no secador sem que ele ficasse parecendo um monstro em 6D, eu apenas comecei a lê-lo de manhã.
Na minha depressão (hoje acordei com vontade de chorar, sem saber o porquê) me deparei com a Crônica Separação e me apaixonei pela explosão de sentimentos mostrados em simples linhas e traços que compõem uma separação necessária, pero – mas- difícil.
Sem mais delongas...
SEPARAÇÃO
Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.
Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória. Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.
Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de secionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.
Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias – um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.
De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde…
(Vinicius de Moraes – Poesia Completa e Prosa – Para Viver um Grande Amor)
Achei linda essa crônica^^
Fiquem esperando pois de noite tem mais postagem (desenhos da Nagyla, Jucundos, Histórias, Doramas e quem sabe um JunSu =D)
Bye Bye
Jaa NE! _o/
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